Eleições na Itália: Como italianos e descendentes que moram no Brasil podem votar

Eleições antecipadas para o parlamento italiano acontecem no próximo domingo, 25; votos estrangeiros precisam ser enviados até esta quinta-feira

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Por Luiz Henrique Gomes
Atualização:

Os cidadãos italianos ou ítalo-brasileiros que desejam votar nas eleições parlamentares da Itália no próximo domingo, 25, precisam enviar a cédula eleitoral até as 16h (horário de Brasília) desta quinta-feira, 22, com o voto registrado.

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As eleições, que foram antecipadas devido à renúncia do primeiro-ministro Mario Draghi em julho, definem os novos nomes para a Câmara dos Deputados e o Senado italiano. O partido de extrema direita, Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), comandado por Giorgia Meloni, lidera as pesquisas de intenção de votos.

No Brasil, existem dois grupos no Brasil que podem votar nas eleições italianas: os italianos natos que residem no país e os descendentes que possuem cidadania italiana. O voto não é obrigatório e é enviado pelo correio.

Da esquerda para a direita, o líder do partido Liga, Matteo Salvini, a líder do partido Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, e o líder do partido Força Itália, Silvio Berlusconi, no fim de uma reunião em Roma Foto: Claudio Perin/ANSA/AFP

Esses eleitores podem votar em candidatos do círculo eleitoral estrangeiro, existentes na Itália desde 2006. Os distritos são separados nas seguintes circunscrições:

  • Europa (inclusive os territórios asiáticos da Rússia e Turquia);
  • América do Sul;
  • América do Norte e América Central;
  • África

Na América do Sul, a Argentina tem o maior colégio eleitoral da região, com 768 mil eleitores, contra 351 mil do Brasil, segundo dados da revista Insieme. Para o continente, onde vivem 1,8 milhão de eleitores, são reservadas uma cadeira no Senado e duas na Câmara nas próximas eleições. As vagas são obrigatoriamente ocupadas por candidatos que se apresentam nessa circunscrição eleitoral, e o voto precisa ser em um desses postulantes.

Atualmente os representantes da América do Sul no Senado italiano são Fabio Porta, italiano radicado no Brasil desde 1994, e Ricardo Merlo, argentino. Os quatro deputados são o ítalo-brasileiro Fausto Longo, Borghese, Lorenzato e Sangregorio, todos da vizinha Argentina.

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O número de vagas diminuiu porque houve uma redução pela metade no parlamento italiano, aprovado em 2020. Ao todo, os candidatos estrangeiros terão direito a 8 cadeiras na Câmara dos Deputados e 4 no Senado.

Quem são os candidatos do Brasil ao parlamento italiano

O Brasil conta com quatro candidatos ao Senado e seis à Câmara dos Deputados. Dentre eles, estão o político Andrea Matarazzo, ex-embaixador na Itália e ex-vereador da capital paulista, e o bicampeão de Fórmula 1 Emerson Fittipaldi. Fabio Porta também concorre à eleição, mas na Câmara dos Deputados.

Andrea Matarazzo concorre ao cargo pelo Partido Socialista Italiano, que faz parte da coligação Partido Democrata – legenda que Fabio Porta faz parte. Já Emerson Fittipaldi concorre pelo Irmãos da Itália, o mesmo partido de Giorgia Meloni.

Candidatos do Brasil ao Senado:

  • Andrea Matarazzo
  • Emerson Fittipaldi
  • Ivana Mainenti
  • José Palmiotti
  • Luciana Laspro
  • Marcelo Bomrad
  • Marcelo Zovico
  • Mario Aldo Sebastiani
  • Mario Borghese
  • Rodrigo Miguel
  • Vicenzo Di Martino
  • Vicenzo Garruti

Candidatos do Brasil à Câmara:

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  • Alessandro Fama
  • Andrea Dorini
  • Antonella Pinto
  • Claudio Zin
  • Eugenio Sangregorio
  • Fabio Porta
  • Filomena Narducci
  • Francesca Galia
  • Francisco Nardelli
  • Franco Tirelli
  • Giancarlo Colella
  • Luis Roberto Lorenzato
  • Luiz Molossi
  • Nello Collevecchio
  • Renata Bueno
  • Salvador Finocchiaro
  • Thiago Troccoli de Almeida
  • Valentina Pococacio
  • Vincenzo Carrozzino
  • Vito De Palma

Como acontece a votação

O voto dos italianos e descendentes que vivem fora da Itália é registrado por meio de correspondência. Os Correios começaram a entregar as cédulas eleitorais este mês, onde os eleitores podem indicar um nome ao Senado e outros dois à Câmara. Os eleitores que não receberam as cédulas podem solicitar a duplicata ao Consulado da Itália. O voto precisa ser enviado até esta quinta-feira, 22, às 16h.

Como votar:

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  • O eleitor terá em mãos dois envelopes: um com o kit de votação e outro para ser devolvido com os votos;
  • No kit de votação, há duas cédulas: uma para escolha de dois candidatos à Câmara dos Deputados e outra, para indicação do candidato ao Senado;
  • Em cada cédula, o eleitor deverá colocar um “x” no partido de sua preferência e escrever os nomes dos candidatos;
  • As cédulas preenchidas devem ser colocadas no segundo envelope, que já tem o porte pago para devolução via Correios.

Entenda a renúncia de Mario Draghi e as eleições antecipadas

Imagem mostra encontro em Roma entre autoridades italianas para formalizar renúncia de Mario Draghi e convocar novas eleições gerais. País vai escolher novo líder no domingo, 25 Foto: Paolo Giandotti/via Reuters

As eleições parlamentares foram antecipadas na Itália em julho, após a renúncia do primeiro-ministro Mario Draghi e a convocação do presidente Sergio Mattarella.

Draghi, que assim como os ministros permanece no cargo interinamente até a formação do novo governo, renunciou após perder o apoio de uma parte significativa da coalizão de união nacional que ele liderava desde fevereiro de 2021. Foi o segundo pedido de renúncia apresentado por Draghi em duas semanas.

A implosão aconteceu por crise política interna, tendo como pano de fundo as disputas entre o partido Movimento 5 Estrelas (M5E), o mais votado nas últimas eleições, e o governo de Draghi. Os partidos de direita Forza Italia, do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, e a Liga, liderada por Mateo Salvini, também abandonaram a aliança.

Antes do pedido de renúncia, o Movimento 5 Estrelas estava há meses insatisfeito porque algumas de suas prioridades, como renda básica e salário mínimo, estavam sendo ignoradas. Em julho, a legenda boicotou um voto de confiança vinculado a um projeto de lei destinado a ajudar os italianos a enfrentar a crise econômica atual e agravou a crise. Após o boicote, Draghi a ofereceu a renúncia pela primeira vez.

A perda da liderança política aconteceu no momento em que a Itália lida com a inflação crescente, com uma crise de custos de energia, uma seca severa e com reformas pendentes para garantir 200 bilhões de Euros da União Europeia em fundos de recuperação.

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