Estados Unidos vão permitir que quase 500 mil imigrantes venezuelanos trabalhem legalmente

A medida, anunciada na noite de quarta-feira, seguiu-se a um intenso lobby dos democratas de Nova York antes e durante a visita do presidente Biden à cidade de Nova York esta semana

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Por Nicholas Fandos
Atualização:

THE NEW YORK TIMES - O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na quarta-feira, 20, a permissão de trabalho para milhares de venezuelanos que já estão no país.

Cerca de 472 mil venezuelanos que chegaram ao país antes de 31 de julho serão impactados pela medida, que os protege de forma temporária de uma deportação, dispensando uma espera de meses por uma autorização de emprego.

A governadora de Nova York, Kathy Hochul, e o prefeito de Nova York, Eric Adams, participam de uma coletiva de imprensa em Nova York, Estados Unidos  Foto: Yuki Iwamura / AP

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Os democratas de Nova York argumentaram que a cidade não teria condição de prover as condições necessárias para todos os imigrantes. A decisão ocorreu após forte lobby dos principais políticos do Partido Democrata de Nova York, incluindo a governadora do Estado, Kathy Hochul, o prefeito da cidade ,Eric Adams e líderes partidários no Congresso.

Alejandro Mayorkas, secretário de Segurança Interna dos EUA, apontou que tomou a decisão porque as condições na Venezuela “impedem o regresso seguro dos venezuelanos”, mas sublinhou que os imigrantes que entraram no país em agosto não estavam protegidos e seriam “removidos quando se constatasse que não têm uma base legal para ficar.”

Numa declaração conjunta, o senador Chuck Schumer e o deputado Hakeem Jeffries de Nova York, os principais democratas no Senado e na Câmara, disseram que o Departamento de Segurança Interna estimou que cerca de metade dos imigrantes que vivem atualmente na cidade são venezuelanos que seriam afetados pela decisão.

O prefeito de Nova York, Eric Adams, participa de um evento da prefeitura  Foto: Benny Polatseck / AP

Os líderes democratas em outros lugares, como no Estado de Illinois, também pediram ajuda e elogiaram a medida na noite de quarta-feira.

Com um número alto de imigrantes nas cidades, os candidatos democratas e estrategistas políticos tem ficado preocupados com a possibilidade de o partido ser prejudicado nas próximas eleições por conta das medidas em relação aos imigrantes. Republicanos do Estado de Nova York já estão explorando a questão.

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Medidas

A decisão do governo faz parte de uma série de ações para lidar com a quantidade de imigrantes que tentam cruzar a fronteira do país e foi anunciada durante a passagem de Biden por Nova York, para a Assembleia Geral das Nações Unidas.

Biden já tinha alargado a proteção humanitária a cerca de 250 mil venezuelanos que chegaram ao país até março de 2021. Mas as autoridades estavam receosas de que medidas mais amplas poderiam criar um novo incentivo de longo prazo para que imigrantes cruzem a fronteira americana.

Adams, que tem sido o democrata mais enérgico a pressionar o governo Biden para ajudar Nova York, agradeceu à Casa Branca na quarta-feira. Mas reiterou imediatamente os apelos à administração Biden para alargar as proteções especiais de milhares de imigrantes de outros países.

A cidade está atualmente fornecendo abrigo a 60 mil requerentes de asilo. Adams estimou que os custos do cuidado com os imigrantes poderá chegar a 12 bilhões de dólares nos próximos anos. A permissão de trabalho para os imigrantes deve ajudar a aliviar a sobrecarga de Nova York.

O governo Biden também ajudou a garantir US$ 140 milhões em fundos de emergência para a cidade e solicitou mais fundos ao Congresso.

Funcionários da Casa Branca argumentam que apenas o Congresso pode reformar significativamente o sistema de imigração do país, alterando o fluxo de imigrantes e mudando as regras sobre quem pode trabalhar e quando. Privadamente, eles criticaram as rusgas de Adams com o governo Biden, principalmente por temerem que as desavenças poderiam ser citadas pelos republicanos como uma forma de atacar o presidente americano.

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