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Análise: Republicano que comanda a Câmara prefere submissão

Ele e muitos políticos, de ambos os partidos, estão sobressaltados e frequentemente chocados com Trump, mas o que desejam é influenciá-lo para reduzir danos

Por Redação Internacional
Atualização:

Frank Bruni*The New York Times

Paul Ryan sempre foi visto como o escoteiro do Congresso americano: sério, honesto e repleto de boas intenções, concorde-se ou não com as suas propostas. Donald Trump está colocando um fim sombrio a isso tudo. Ou talvez o próprio Ryan, com seu exemplo de total submissão a Trump.

O presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan. Foto: Cliff Owen/AP

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Outros republicanos estão de olho no presidente da Câmara, aguardando orientação sobre como confrontar o presidente eleito e até quando permitir que sua loucura continue. E Ryan está enveredando pelo caminho errado. O vice-presidente eleito, Mike Pence, naturalmente, é o maior bajulador de Trump. Isso está praticamente escrito na descrição de emprego. Mas Ryan não tem dever similar.

Ele e muitos políticos, de ambos os partidos, estão sobressaltados e frequentemente chocados com Trump, mas o que desejam é influenciá-lo para reduzir danos.

Eles veem como Trump é propenso a manipulações, influenciado pelo último que fala ao seu ouvido. Assim, tentam ficar mais próximos dele para sussurrar. Mas eles não podem ficar em silêncio quando Trump, apenas para inflar seu próprio ego e afirmar seu poder, conta uma mentira sobre os resultados da eleição, qualificando de farsa a vantagem de Hillary Clinton no voto popular.

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Ryan não pode ficar em silêncio, porque ele é um exemplo a seguir, porque essa mentira simboliza as tendências demagógicas de Trump e legitima as notícias falsas - as consequências disso estão se tornando cada vez mais claras.

Ao falar sobre Trump no programa 60 Minutes, Ryan adotou uma atitude quase galanteadora. Disse que Trump estava "basicamente dando voz a muitas pessoas que achavam não ter voz".

Às vezes, sim. Mas, muitas vezes, Trump dá sinal verde para malucos e mostra que está se lixando para a dignidade que os americanos corretamente esperam de um presidente. Ryan está se sacrificando demais por muito pouco e está na hora de ele se mexer. Enquanto isso não ocorrer, o escoteiro tristemente servil continuará perdido na floresta. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

*É COLUNISTA

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