Os Estados Unidos ativaram seu escudo antimísseis devido à previsão de que a Coréia do Norte faça um teste com um míssil de longo alcance, afirmou nesta terça-feira o jornal The Washington Times. O Pentágono não confirmou as informações e o porta-voz Eric Ruff comentou: "Temos um sistema de defesa antimísseis limitado. Está na fase de desenvolvimento". "Não falamos de status de alerta ou das capacidades específicas das forças armadas", afirmou. O Washington Times, um jornal com notórias relações com o Departamento de Defesa dos EUA (Pentágono), citou fontes governamentais, sem identificá-las, afirmando que nas últimas semanas o Departamento de Defesa mudou a modalidade de funcionamento do sistema de "teste" a "operacional". O sistema conta com onze projéteis de interceptação de mísseis, colocados em Fort Greely (Alasca) e na base aérea de Vandenberg (Califórnia), além de uma rede de radares, satélites e navios para a detecção de qualquer lançamento. Tudo controlado por um centro de comando no Colorado. No entanto, sua eficácia não é comprovada. Até agora foram feitos oito testes e em apenas cinco os projéteis interceptaram os mísseis, apesar de terem informações sobre variáveis como velocidade, trajetória e ponto de origem. Os exercícios foram suspensos depois que os projéteis não saíram dos silos em testes realizados em dezembro de 2004 e fevereiro de 2005. Ainda assim, o The Washington Times afirmou que uma das opções analisadas pelo Governo dos EUA é tentar derrubar o míssil norte-coreano com os interceptores. Advertência A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, advertiu na segunda-feira que o lançamento do míssil, que alguns analistas acreditam que poderá atingir o Alasca, seria um "ato de provocação", e os EUA o levariam a sério. Nos últimos dias, fotografias feitas por satélites espiões dos EUA mostram que a injeção de combustível no míssil foi completada e, portanto, a arma estaria preparada para seu lançamento assim que as condições meteorológicas forem favoráveis. No entanto, os serviço de espionagem sul-coreanos colocaram em dúvida nesta terça-feira a conclusão do processo, segundo fontes de um comitê parlamentar de inteligência consultadas pela agência Yonhap. Isolamento Na frente diplomática, os Estados Unidos tentam convencer outros países a ameaçar a Coréia do Norte com o isolamento caso Pyongyang insista em realizar o teste. Nesta terça-feira, Rice falou por telefone com o ministro do Exterior da Coréia do Sul, Ban Ki-moon, enquanto o embaixador dos Estados Unidos na ONU, John Bolton, conversava com membros do Conselho de Segurança em Nova York, segundo o porta-voz do Departamento de Estado Adam Ereli. Bolton, falando em Washington, disse a repórteres que a prioridade do Conselho de Segurança é convencer Pyongyang a não conduzir o teste de um míssil de longo alcance. "Estamos discutindo vários aspectos que recaem sob domínio do Conselho de Segurança, já que o lançamento constituiria em uma ameaça à paz e a segurança internacional ", disse Bolton a repórteres durante uma coletiva de imprensa. De acordo com o porta-voz do Departamento de Estado, as discussões ainda são preliminares e têm o objetivo de estabelecer uma coordenação internacional. A idéia, disse Ereli é "observar como podemos trabalhar juntos para apoiar a estabilidade e a segurança na península". "Parece existir um desejo de criar um clima de crise pelos norte-coreanos", disse o conselheiro de segurança nacional, Stephen Hadley, que participa da comitiva do presidente Bush durante sua viagem à Europa. Direito A Coréia do Norte declarou nesta terça-feira que tem o direito de testar mísseis apesar da moratória assinada em 1999 e reafirmada em 2002. Ereli não estimou quando Pyongyang poderia conduzir tais testes. Ele também disse que não houve contato direto dos Estados Unidos com a Coréia do Norte. "Nosso curso de ação preferencial é que não haja um lançamento ou teste de mísseis, e deixamos isto claro", afirmou Ereli. "E também deixamos claro que tais ações resultariam no maior isolamento da Coréia do Norte na comunidade internacional".