EUA pressionam Israel por ‘pausas humanitárias’ na guerra contra o Hamas em Gaza

Secretário de Estado Anthony Blinken viaja a Israel para discutir conflito com Netanyahu

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Por Redação

THE NEW YORK TIMES — O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony J. Blinken, pedirá ao governo de Israel que concorde com uma série de breves interrupções das operações militares em Gaza para permitir que os reféns sejam libertados em segurança e que a ajuda humanitária seja distribuída, disseram autoridades da Casa Branca nesta quinta-feira, 2.

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A pressão para o que as autoridades americanas chamam de “pausas humanitárias” é um dos vários assuntos que Blinken abordará com o premiê Benjamin Netanyahu quando chegar a Israel na sexta-feira.

A mensagem chega quando o presidente americano Joe Biden revelou na quarta-feira que o primeiro-ministro de Israel, , já havia concordado em interromper brevemente o bombardeio em 20 de outubro para permitir a libertação de duas americanas, Judith Raanan, 59, e sua filha, Natalie Raanan, 17.

O secretário de Estado Anthony Blinken viaja neste feriado a Israel 

As autoridades da Casa Branca disseram que o pedido de pausas era muito diferente de um cessar-fogo geral, que o governo Biden acredita que beneficiaria o Hamas, permitindo que ele se recuperasse do intenso bombardeio de Israel.

Mas Biden está sob crescente pressão para responder ao que os grupos humanitários chamaram de crise urgente para os civis em Gaza, onde há escassez de alimentos, água, medicamentos e combustível. Um ataque a um campo de refugiados em Gaza nesta semana matou dezenas de pessoas, mesmo quando as autoridades israelenses disseram ter matado um dos principais líderes do Hamas.

Cessar-fogo

Em um evento de arrecadação de fundos em Minneapolis na noite de quarta-feira, um manifestante confrontou Biden e exigiu que ele pedisse um cessar-fogo. Biden respondeu: “Acho que precisamos de uma pausa. Uma pausa significa dar tempo para que os prisioneiros sejam libertados”.

O presidente então revelou a pausa previamente acordada para os dois reféns americanos, usando um apelido comum para se referir ao Sr. Netanyahu.

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“Sou o cara que convenceu Bibi a pedir um cessar-fogo para deixar os prisioneiros saírem”, disse Biden. As autoridades de segurança nacional disseram mais tarde que, apesar de o presidente ter usado a palavra “cessar-fogo”, ele estava falando de uma breve pausa no bombardeio israelense, e não de um fim mais amplo das hostilidades em Gaza.

Proteção a civis

Os comentários de Biden foram feitos uma semana depois que Blinken transmitiu uma mensagem semelhante no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Israel deve tomar todas as precauções possíveis para evitar danos aos civis”, disse o secretário de Estado. “Isso significa que alimentos, remédios, água e outros tipos de assistência devem entrar em Gaza e ir para as áreas onde as pessoas precisam deles. Isso significa que os civis devem ser capazes de sair do caminho do perigo. Isso significa que as pausas humanitárias devem ser consideradas para esses fins.”

É improvável que a pressão dos Estados Unidos pelas pausas satisfaça os críticos de Israel, alguns dos quais são membros do partido do presidente. Vários legisladores democratas da Câmara apresentaram uma resolução “pedindo uma redução imediata da escalada e um cessar-fogo em Israel e na Palestina ocupada”.

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Mas as autoridades do governo argumentam que pausas mais limitadas poderiam ajudar a resolver os problemas humanitários urgentes em Gaza, sem impedir que Israel responda ao massacre de mais de 1,4 mil pessoas nos ataques do Hamas em 7 de outubro.

“O que dissemos que deveria ser considerado e explorado são as pausas humanitárias temporárias e localizadas para permitir que a ajuda chegue a populações específicas e talvez até mesmo para ajudar na evacuação de pessoas que queiram sair, indo mais para o sul” de Gaza, disse John F. Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, na segunda-feira. “Nós apoiamos isso. Não apoiamos um cessar-fogo neste momento”.

As autoridades da Casa Branca disseram que estavam pressionando por pausas limitadas por local e duração com dois objetivos: a possibilidade de futuras libertações de reféns e a necessidade urgente de abrir caminho para a entrega e distribuição de ajuda aos palestinos que vivem em Gaza.

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Não apoiamos um cessar-fogo neste momento

John F. Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional

As autoridades disseram que as negociações continuam para a libertação de outros reféns, com representantes do Qatar servindo como mediadores. Se essas negociações forem bem-sucedidas, as autoridades disseram que pediriam a Israel que concordasse em interromper suas operações na área em que o Hamas está pronto para libertar os reféns.

Foi o que aconteceu em 20 de outubro, segundo as autoridades. Netanyahu concordou em garantir que não haveria bombardeios na área onde o Crescente Vermelho pegou as duas mulheres americanas. Essa pausa terminou logo depois que as mulheres foram libertadas.

John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança das Nações Unidas Foto: Doug Mills/The New York Times - 2/11/2023

As autoridades americanas disseram que também estavam preocupadas com a entrega de ajuda humanitária, que está começando a chegar a Gaza em caminhões que entram pelo portão de Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egito.

A preocupação, segundo as autoridades, é que os caminhões precisam de uma maneira segura de levar a ajuda aos bairros sem correr o risco de serem atingidos por um ataque aéreo israelense ou de serem pegos no meio de combates em terra. E o funcionário disse que a ajuda não adianta nada se os moradores de um bairro tiverem muito medo de sair de suas casas para pegar comida ou água.

Blinken pedirá a Israel que considere breves pausas para permitir a passagem segura dos caminhões de ajuda.

As autoridades da Casa Branca disseram que Netanyahu e outras autoridades israelenses continuaram a se opor a um cessar-fogo amplo, mas pareciam receptivas à ideia de mais pausas nos combates para esses fins. / TRADUÇÃO POR GUILHERME GUERRA

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