O elo chavista com Cuba, o Hezbollah e a Guerrilha
Manuel Cristopher Figuera, que participou de levante fracassado, diz que guerrilha colombiana atua em áreas de mineração e promete defender chavista em caso de invasão; movimento xiita teria 'negócios ilícitos para financiar operações' no Oriente Médio
Por Anthony Faiola
Atualização:
BOGOTÁ - Em um palácio cheio de traidores e ladrões, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, contava com a lealdade de uma pessoa: o general Manuel Figuera. Quando o líder opositor Juan Guaidóanunciou sua rebelião, em 30 de abril, Figuera surgiu como conspirador, o que foi uma surpresa. E, quando a rebelião fracassou, para salvar sua pele, ele recorreu a agentes dos Estados Unidos na Colômbia.
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Após dois meses escondido, Figuera chegou aos EUA na segunda-feira, armado de acusações contra o chavismo. Negócios ilícitos com ouro, células do Hezbollah que operam na Venezuela e a influência cubana em Caracas. Ele não lamenta ter se voltado contra o chefe. “Estou orgulhoso”, disse o general, na semana passada, em um quarto de hotel em Bogotá. “Neste momento, o regime venceu. Mas isso pode mudar.”
Em Caracas, na noite de 28 de março, um grupo de conspiradores dispostos a derrubar Maduro montou uma ação arriscada. Cesar Omaña, empresário de 39 anos, entrou na sede do Serviço Secreto Bolivariano (Sebin) para recrutá-lo. Omaña, que mora em Miami, vivia entre dois mundos. Era amigo das irmãs de Hugo Chávez e de membros do alto escalão do governo, mas também da oposição.
Ao contrário de outros empresários envolvidos no complô, ele não foi acusado de crimes nem atingido por sanções americanas. Mas estava desesperado com o colapso do país. Em novembro, Omaña manteve contato com autoridades dos EUA. Ele também era amigo do líder da oposição Leopoldo López – então o mais famoso preso político da Venezuela e mentor de Guaidó.
Guaidó diz ter apoio de militares contra Maduro
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Tensão na Venezuela
Líder opositor venezuelano, Juan Guaidó, cumprimentamilitar perto da base aérea La Carlota, em Caracas; ele diz ter apoio de militares contra Maduro. Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Ao lado decaixas de armamentoe de bananas, militar usa seu celular perto da Base Aérea 'La Carlota' Generalísimo Francisco de Miranda, em Caracas. Foto: REUTERS/ Carlos Garcia Rawlins
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O líder opositor e autoproclamado presidente interino daVenezuela,Juan Guaidó,anunciou nesta terça-feira, 30, que conta com o apoio de um grupo de mil... Foto: Twitter/JuanGuaidóMais
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Político opositor Leopoldo Lópezafirmou que foi libertado de prisão domiciliar por militares e também pediu que os venezuelanos tomem as ruas pacifica... Foto: Reiner/EFEMais
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O líder opositor e autoproclamado presidente interino daVenezuela,Juan Guaidó, anunciou que conta com o apoio de um grupo de militares para restaurar ... Foto: Carlos Garcia Rawlins / ReutersMais
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Na mensagem publicada nas redes sociais,Guaidóconvocou outros militares a se juntarem a seu movimento e pediu que a população saia às ruas"de forma pa... Foto: Ariana Cubillos / APMais
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Leopoldo López, condenado a 14 anos de prisão pelos protestos anti-governamentais de 2014, estava em prisão domiciliar. Nas redes sociais, ele afirmou... Foto: Reiner/EFEMais
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O governo Maduro chamou a iniciativa de Guaidó de uma "tentativa de golpe de Estado". "Neste momento estamos enfrentando e desativando um grupo reduzi... Foto: Ariana Cubillos/APMais
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O ministro de Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, disse que o clima é de "normalidade" nos quartéis. Foto: Ariana Cubillos / AP
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No vídeo publicado na internet, Guaidó convocou às ruas todos aqueles venezuelanos que se comprometeram nas últimas semanas a se manifestar para exigi... Foto: Carlos Garcia Rawlins / ReutersMais
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O presidente da Bolívia, Evo Morales - aliado de Maduro -, "condenou energicamente" o que chamou de "tentativa de golpe de Estado" na Venezuela. Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters
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No vídeo publicado na internet, Guaidó afirmou que as Forças Armadas estão claramente do lado da Constituição. Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters
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Venezuelanosse pretegem durante confronto em Caracas. Foto: Yuri CORTEZ/ AFP
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Venezuelanos se protegem duranteconfrontosque tomam conta deruas em Caracas. Foto: Yuri CORTEZ/ AFP
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Venezuelano cobre o rosto durante protesto em Caracas.O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, reforça ter apoio dos militares. Foto: Yuri CORTEZ/ AFP
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Venezuelanos pró e contra o governo de Maduro tomam ruas de Caracas. Foto: Matias Delacroix/ AFP
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As forças de segurança da Venezuela que apoiam o governo de Nicolás Maduro lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra o líder opositor Juan Guaidó, qu... Foto: Yuri CORTEZ/ AFPMais
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Político opositorLeopoldo Lópezsegura bandeira e agradece apoio recebido paraderrubar Maduro.López cumpria prisão domiciliar e disse ter sido solto ap... Foto: Federico PARRA/ AFPMais
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Venezuelanos fogem debombas de gás lacrimogêneodurante conflito no país. Foto: Yuri CORTEZ/ AFP
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Nesta foto que foi tirada em 18 de fevereiro de 2014, Leopoldo López foiescoltado pela Guarda Nacional depois de se entregar, durante uma manifestação... Foto: Juan BARRETO/ AFPMais
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Tumulto e violência tomam conta das ruas de Caracas nesta terça-feira, 30. Foto: AP Photo/ Fernando Vergara
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Imagens transmitidas pela internet direto de Caracas mostram cenas de tumulto e violência nos arredores da base aérea de La Carlota, onde se reúnem op... Foto: Yuri CORTEZ/ AFPMais
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Pessoas atravessam a ponte Simon Bolivar, entre Táchira, na Venezuela, e Cúcuta, na Colômbia. Foto: MENDOZA/ AFP
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Venezuelanoscruzam a fronteira em direção à Colômbia. Foto: Schneyder MENDOZA/ AFP
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Simpatizante de Juan Guaidó usa máscara para se proteger de bombas de gás lacrimogêneo. Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez
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Veículosbloqueiamestradasperto da base aérea de'La Carlota', em Caracas. Foto: REUTERS/ Carlos Garcia Rawlins
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Apoiador da oposição ergue bandeira em Caracas. Foto: Reuters/ Carlos Garcia Rawlins
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Ativistas da oposição emilitares que apoiam Guaidó permanecem em ponte em frente a base aérea de 'La Carlota'. Foto: Yuri CORTEZ/ AFP
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Líderes internacionais demonstram preocupação com 'derramamento de sangue' na Venezuela. Soldados e população reagem ao som de armas de fogo perto da ... Foto: REUTERS/ Carlos Garcia RawlinsMais
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Juan Guaidó, que recebeu o apoio de diversos países, entre eles, Brasil, Estados Unidos e Alemanha, faz discurso a apoiadores em Caracas. Foto: REUTERS/ Carlos Garcia Rawlins
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Venezuelanos se manifestam em Cúcuta, na Colômbia. Foto: EFE/ STR
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Veículos militares atropelam manifestantes a favor de Guaidó e situação começa a sair do controle na Venezuela. Integrantes da Guarda Nacional Bolivar... Foto: Federico PARRA/ AFPMais
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Venezuelanos levantam bandeira em frente ao Consulado do país em Bogotá, na Colômbia. Foto: EFE/ Mauricio Castaneda
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Militares que apoiam Guaidó atiram para o céu para inibir forças militares leais ao governo de Maduro que tentam dispersar manifestação perto da base ... Foto: Federico PARRA/ AFPMais
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Forças leais ao governo de Maduro entram em confronto com apoiadores de Guaidó. Foto: Yuri CORTEZ/ AFP
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Situação começa a sair do controle em Caracas. Foto: Federico PARRA/ AFP
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Tropas leais aNicolás Maduro entram em confronto contra apoiadores de Guaidó. População foge de bombas de gás lacrimogêneo. Foto: AP Photo/ Fernando Llano
Tensão na Venezuela.
Manifestantes preparam bomba de gás caseira para atirar contra soldados leais a Maduro. Foto: Matias DELACROIX/ AFP
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Homem fica ferido durante confrontos em Caracas. Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez
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Juan Guaidó, ao lado da líder de oposição María Corina Machado Parisca, se juntaa populares e militares contrários ao governo de Maduro. Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez
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Veículo da Guarda Nacional de Maduro atropela apoiadores de Guaidó. Foto: REUTERS/ Ueslei Marcelino
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Manifestantes da oposição entram em confronto contra forças de segurança de Maduro perto da base aérea de 'La Carlota'. Foto: REUTERS/ Carlos Garcia Rawlins
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Veículo militar do governo de Maduro avança contra manifestantes a favor de Guaidó. Foto: REUTERS/ Ueslei Marcelino
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Homem ferido recebe assistência em meio ao confronto entre forças leais a Maduro e manifestantes contrário ao seu governo. Foto: Federico PARRA/ AFP
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Juan Guaidó e Leopoldo Lopez lideram manifestação para derrubada de Maduroem Caracas. Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez
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Manifestante em frente a ônibus pegando fogo perto da base aérea de 'La Carlota'. Foto: REUTERS/ Ueslei Marcelino
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Veículos das forças armadas de Maduro jogam água para dispersar manifestantes favoráveis aGuaidó. Foto: EFE/ Miguel Gutiérrez
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Venezuelanos retornam ao país pela ponte Simón Bolívar, após comprarem comida em 'La Parada', perto de Cúcuta, na Colômbia. Foto: AP Photo/ Fernando Vergara
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Com o filho Carlos no colo, Carla Bustillos discursa para apoiadores de Guaidó, em frente à Embaixada da Venezuela em Washington, nos Estados Unidos. Foto: AP Photo/ Andrew Harnik
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Apoiadores de Nicolás Maduro se reúnem nas proximidades do Palácio de Miraflores, sede da Presidência da Venezuela. Foto: Matias DELACROIX/ AFP
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Apoiadores de Guaidó usam braceletes azuis. Foto: EFE/ STR
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Veículo das forças armadas de Maduro pegando fogo. Foto: Federico PARRA/ AFP)
Figuera estava no radar dos americanos. As sanções haviam congelado todos os ativos venezuelanos nos EUA e as autoridades americanas disseram que suspenderiam as sanções de pessoas leais a Maduro que se rebelassem contra ele.
“Disse a Omaña que estava pronto para derrubar Maduro”, afirmou Figuera. “Foi assim que a conspiração começou.” Na verdade, outro grupo já havia entrado em ação. Em fevereiro, vários empresários, alvos de sanções e acusados de lavagem de dinheiro, apresentaram um plano para os americanos. A ideia era cooptar autoridades leais a Maduro, incluindo o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Maikel Moreno.
Eles atuavam como interlocutores entre o governo de Donald Trump e o chavismo e estavam ansiosos para resolver sua situação nos EUA, para onde enviavam os filhos para estudar. Os americanos prometeram levantar as restrições de viagens e o congelamento de ativos em troca de apoio.
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O plano dos empresários era o seguinte: Moreno, presidente do TSJ, emitiria uma decisão restaurando o poder da Assembleia Nacional, controlada pela oposição – e Maduro seria obrigado a se afastar. Moreno manteria a presidência do TSJ. Mas Figuera disse ter interceptado conversas no WhatsApp indicando que Moreno tinha exigido US$ 100 milhões para cumprir sua parte.
Figuera disse que, após seu encontro com Omaña, sentiu que havia alguma esperança. Ele havia trabalhado durante anos com a inteligência militar. Mas sua nova função como chefe do Sebin abrira seus olhos para a extensão da podridão no governo. “Jamais vi a situação do país e a corrupção do governo tão de perto como nos meus últimos seis meses. Rapidamente, vi que Maduro chefia uma empresa criminosa, com a própria família envolvida.”
O general começou a investigar uma companhia fundada pelo filho de 29 anos de Maduro, Nicolás Maduro Guerra. A empresa assumiu o monopólio de compra de ouro de pequenos mineradores, que era revendido a preços altos para o Banco Central. Ele quis levar a informação a Maduro, mas foi dissuadido por um assessor do presidente.
Figuera disse ter descoberto um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo o então vice-presidente, Tareck El Aissami, hoje ministro da Indústria, indiciado nos EUA por tráfico de droga. Aissami nega qualquer crime. Mas o general diz ter obtido informações de que membros do Exército de Libertação Nacional (ELN), guerrilha colombiana, atuam sob proteção do governo.
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Figuera disse que o Hezbollah também operava na Venezuela, mantendo atividades ilícitas para financiar operações no Oriente Médio. “Descobri que casos de narcotráfico e guerrilhas não eram investigados.” Mas as atividades de um governo disfuncional dividido em feudos o deixaram desesperado.
Segundo o general, Maduro mantinha de 15 a 20 cubanos para sua proteção pessoal. Alguns eram militares. Três eram assessores especiais que analisavam seus discursos. Figuera se reunia com Maduro várias vezes durante a semana. Quando pediu um encontro privado, teve de fazer a solicitação para Aldo, um cubano. “Fiquei perplexo: ‘O que? Sou o chefe da inteligência e tenho de passar por um cubano para ter uma reunião com o presidente?’”
Quando os apagões paralisaram a Venezuela, em março, Figuera estava reunido com Maduro quando Raúl Castro telefonou. Maduro foi para um canto da sala para conversar com o líder cubano e voltou aliviado. Castro prometera despachar uma equipe de técnicos para resolver o problema. “Raúl é uma espécie de conselheiro de Maduro.”
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Em abril, Figuera enviou uma mensagem a Maduro em uma mala trancada. Somente ele e Maduro tinham o código. Ele descreveu a situação do país como deplorável e sugeriu novas eleições. Maduro lhe enviou uma mensagem de texto chamando-o de covarde e derrotista. “Então, percebi que tinha de agir.” Figuera passou a se encontrar com López, que estava na cadeia.
Durante as reuniões, soube da rebelião planejada para maio. Moreno emitiria sentença reinstalando a Assembleia Nacional. O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, apoiaria a decisão e obrigaria Maduro a renunciar. Segundo Figuera, todos os que participavam do complô tinham pseudônimos. Ele era “Pantera Negra”. Omaña, “Superman”. Mauricio Claver-Carone, diretor do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, “Comeniños”.
À medida que o dia 1.º de maio se aproximava, a inquietação aumentou. Durante encontro na mansão de Moreno, ele percebeu que o presidente do TSJ estava hesitante. Moreno sugeriu que ele, e não Guaidó, deveria assumir a presidência. No dia 28, Figuera telefonou a Padrino para ter certeza de que o ministro da Defesa ainda estava do lado deles. Padrino “não quis conversar”.
Opositores adiaram a operação por um dia, pois ouviram que Guaidó seria preso. Em 29 de abril, segundo Figuera, os “coletivos” de Maduro preparavam um ataque à manifestação do 1.º de Maio que poderia resultar num banho de sangue.
Nas primeiras horas do dia 30, tudo começou a desmoronar. Guaidó assinou documento libertando López da prisão domiciliar. Guaidó e López fizeram uma aparição triunfante na base militar de La Carlota e apelaram aos militares que se rebelassem. Figuera recebeu um telefonema de seu chefe.
“Maduro estava nervoso. E me perguntou o que estava acontecendo”. Às 6 horas, Maduro ordenou a Figuera que fosse para a prisão Helicoide. “Telefonei para minha mulher e lhe disse que teria de me entregar.” Ela foi para os EUA no dia 1.º de maio e recebeu garantias de que seu marido estaria a salvo se conseguisse chegar à Colômbia.
Figuera, recorrendo a contatos militares, fugiu da Venezuela e chegou à cidade fronteiriça de Cúcuta no dia 2 de maio, onde foi recebido por membros da inteligência colombiana. No dia seguinte, chegou a Bogotá, onde se reuniu com autoridades dos EUA. Uma semana depois, Trump suspendeu as sanções decretadas contra ele. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO