O extenso relatório do grande júri sobre casos de abuso sexual de crianças dentro da diocese da Pensilvânia afirma que membros da Igreja deram referências positivas para um ex-padre trabalhar na Disney World, mesmo sabendo de pelo menos uma alegação de abuso sexual de um menino.
O ex-padre Edward Ganster deixou a carreira religiosa em 1990 e se mudou para Orlando. Lá, trabalhou na Disney World até morrer, em 2014. Ele trabalhou em parques temáticos e dirigiu o trem do Magic Kingdon, de acordo com um obituário do jornal Orlando Sentinel.
Ganster tornou-se padre em 1971. Ele estava trabalhando na Igreja de St. Joseph, em Easton, no fim dos anos 70 quando uma mulher reclamou para o monsenhor local que o padre tinha levado seu filho para uma "aventura de uma noite", segundo afirmou o padre à criança, e o "machucado", afirma o relatório. O menino disse à mãe que "algo havia acontecido" com ele no confessionário.
O monsenhor disse à mulher que Ganster seria aconselhado e logo em seguida o padre foi trocado de posto, segundo o relatório. Cerca de uma década depois, Ganster estava de licença médica em um hospital de saúde mental católico quando deixou o sacerdócio e se casou.
Ganster escreveu para a diocese que se inscreveria para uma vaga de trabalho na Disney World e queria usar a Igreja como referência, segundo o relatório.
O bispo de Allentown, Thomas Welsh, escreveu ao bispo de Orlando que Ganster teve problemas "parcialmente sexuais" e não pôde realocá-lo em sua diocese. Um monsenhor, no entanto, assegurou a Ganster que ele poderia obter uma outra referência, mas positiva.
"Tenho certeza de que a diocese será capaz de te dar uma referência positiva com relação ao trabalho que você prestou durante seus anos de serviço aqui como padre", escreveu o monsehor, de acordo com o relatório. O porta-voz da diocese, Matt Kerr, disse não saber de nenhuma carta de referência ou se ela chegou a ser escrita. "Isso nunca aconteceria. Nunca aconteceria hoje", disse.
Mais de uma década depois de Ganster deixar o sacerdócio, um homem entrou em contato com a diocese de Allentown para denunciar que 20 anos antes havia sido vítima do padre quando tinha 14 anos e era coroinha de sua igreja, relata o texto da promotoria.
Segundo o relatório, Ganster o acariciou, o apalpou e o espancou repetidamente e, certa vez, o arrastou pelo chão e o espancou com uma cruz de metal. Anos mais tarde, em 2015, a mãe de outra vítima procurou a mesma diocese para acusar Ganster de ter abusado de seu filho de 12 anos, em 1977. / AP