FHC quer distância de Jader

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Por Agencia Estado
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Preocupado com a imagem do governo, o presidente Fernando Henrique Cardoso vai tentar manter o mais longe possível do Palácio do Planalto o episódio envolvendo o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), sobre irregularidades no Banpará. Fernando Henrique está apreensivo com o fato de as denúncias acabarem respingando no Planalto e resolveu partir imediatamente para a defesa ao designar nesta quarta-feira o líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Magalhães (BA), que ficou encarregado de deixar claro que o governo nada tem a ver com o caso do Banpará. PMDB vai para o contra-ataque O PMDB, por sua vez, resolveu partir para o contra-ataque e vai cobrar do presidente Fernando Henrique o mesmo comportamento na apuração de denúncias envolvendo afilhados políticos do ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Os peemedebistas querem que o presidente também mande abrir imediatamente inquéritos, inclusive com a participação da Polícia Federal, para apurar as denúncias de irregularidades. ?Vamos cobrar do governo que tome atitudes pela moralidade e, por isso, vou fazer cartas ao presidente Fernando Henrique denunciando irregularidades e pedindo a abertura de inquéritos imediatos de investigação?, afirmou o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA), ao informar que ?em determinado momento? levará essas preocupações do partido ao presidente da República. Afastamento prudente O Planalto deixou claro que pretende manter distância do episódio do Banpará ao escalar o líder tucano Jutahy Magalhães na defesa do governo. ?A questão do Banpará não é do governo nem do PSDB?, argumentou o tucano. ?É uma questão que deve ser argüida ao senador Jader Barbalho, que tem todo o direito de se defender?, completou. ?Mas ele (Barbalho) não é membro do Executivo nem filiado ao PSDB?, sustentou Magalhães. Para desvincular o governo do episódio do Banpará, Magalhães fez questão de ressaltar que todas as denúncias que ?estão afetas ao governo estão sendo apuradas?. E citou o caso do Departamento Nacional de Estradas e Rodagem (DNER), onde as supostas irregularidades estão sendo apuradas pelo governo. A denúncias foram levantadas por ACM e o Planalto determinou a criação de inquérito para apurar as supostas irregularidades. Além disso, há cerca de dez dias, Fernando Henrique resolveu extinguir o DNER, que será substituído pela Agência Nacional de Transportes (ANT). Alvo: afilhados de ACM O contra-ataque preparado pelo PMDB tem por objetivo tentar atingir afilhados de ACM. O partido vai centrar suas denúncias em supostas irregularidades ocorridas nas obras do aeroporto de Salvador. As obras estariam a cargo do governo da Bahia, administrado por Cesar Borges, apadrinhado do ex-presidente do Senado. Segundo Geddel Vieira Lima, existe um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontando desvio de verbas e superfaturamento nas obras do aeroporto. "Mordida" de R$ 50 milhões ?Quero que seja instalado um inquérito imediatamente para a apuração das responsabilidades e saber quem ?mordeu? R$ 50 milhões das obras?, disse o líder peemedebista. O partido também quer ter explicações para saber o motivo da privatização de Furnas ter saído da alçada do Ministério das Minas e Energia. ?Por que o presidente tirou a privatização das Minas e Energia??, indagou Geddel. ?Achamos que os ministros do PFL não fizeram o que deviam?, disse. Ele aproveitou para criticar a proposta de ACM de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre corrupção. ?Não dá para ficar com esse discurso besta de CPI da corrupção, que não passa de uma enganação?, afirmou o peemedebista. Segundo ele, o PMDB é favorável à criação de CPI específicas para cada caso, como o das supostas irregularidades nas obras do aeroporto de Salvador. ?Se for aberta essa CPI, topo assinar o requerimento para qualquer outra Comissão, inclusive uma que investigue as supostas irregularidades no Banpará?, sustentou.

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