WASHINGTON - Na quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu na Casa Branca com estudantes e parentes de vítimas do ataque que deixou 17 mortos na escola Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida, para discutir maneiras de combater a violência com armas nas escolas do país.
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Apesar de a sugestão do republicano de armar parte dos professores e funcionários das escolas para prevenir ataques ter sido recebida com bastante ceticismo no país, uma coisa é fato: ele realmente ouviu o que os participantes tinham a dizer.
Isso pode ter acontecido, em parte, graças a um útil lembrete que Trump levou para o evento e foi capturado por vários fotógrafos que registraram a reunião: no cartão em que escreveu 5 tópicos para apresentar aos presentes, o quinto se referia exatamente a deixar claro que ele estava prestando atenção nas sugestões.
"Eu ouço vocês", diz o último item da lista, escrito depois do que parecem ser questões que ele planejou fazer aos presentes. Aliás, entre os outros tópicos, o número 1 também funcionaria como uma espécie de lembrete sobre o que o mandatário deveria enfatizar. "O que vocês mais gostariam que eu soubesse sobre a sua experiência?", diz o texto.
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Em outra pergunta planejada por Trump, o republicano perguntaria aos estudantes que medidas podem ser tomadas pelo governo para que "eles possam se sentir seguros (nas salas de aula)". O presidente americano também planejou, segundo outro tópico, perguntar as ideias dos estudantes ou os recursos que eles achavam necessários para solucionar a crise.
Assim, a maioria dos tópicos no cartão de anotações utilizado por Trump tinham a clara função de fazê-lo ressaltar aos presentes que ele estava realmente interessado no conteúdo da discussão.
Isso é ao mesmo tempo impressionante para um presidente dos EUA, mas pouco surpreendente vindo de Trump que, tragédia após tragédia, mostrou falta de empatia pelas vítimas em suas reações - em algumas ocasiões anteriores, o republicano preferiu focar seus discursos nos socorristas ao invés de falar sobre as vítimas; em outras, usou um tom quase jocoso, quando deveria ter sido mais contido, deixando claro que expressar que sente verdadeiramente a dor dos outros não é um de seus pontos forte.
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No fim das contas, Trump não parece ter usado diretamente qualquer uma das questões ou frases que estavam no cartão durante a reunião, em que ele falou pouco e agradeceu a presença dos sobreviventes do ataque. "Obrigado por abrirem seus corações (...) o mundo está nos observando e nós vamos encontrar uma solução", afirmou. / COM WASHINGTON POST