Genro de Trump fechou venda de armas a sauditas

Acordo de US$ 110 bilhões teve intervenção de Jared Kushner junto à Lockheed Martin para compra de radares

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WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chega no sábado, 20, à Arábia Saudita, para sua primeira viagem internacional no cargo, em um roteiro que inclui ainda Israel, Bélgica e Itália. Trump deve selar em Riad um acordo bilionário de venda de armas no qual seu genro, Jared Kushner, teve um papel crucial. 

Na tarde de 1.º de maio, Kushner recebeu uma delegação de alto nível da Arábia Saudita na Casa Branca com uma promessa. “Vamos fechar esse acordo hoje”, disse ele aos sauditas, em referência ao pacto para compra de armas no valor de US$ 110 bilhões, que inclui caças, embarcações navais e bombas de precisão. 

Jared Kushner é marido de Ivanka Trump Foto: AFP PHOTO / NICHOLAS KAMM

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Foi incluído no pacote de armas um sistema sofisticado de radar para abater mísseis balísticos, o que aumentaria o preço da negociação para os sauditas. Segundo funcionários do governo americano, pressentindo que os clientes poderiam resistir à oferta, Kushner telefonou para a CEO da Lockheed Martin, Marillyn Hewson. Após o telefonema, a produtora do sistema de radares prometeu rever o preço do arsenal. 

A intervenção pessoal de Kushner na negociação sobre a venda de armas mostrou uma mudança na Casa Branca: em lugar da diplomacia, a informalidade em busca de pragmatismo e rapidez. Com isso, o governo de Donald Trump tenta mudar a posição americana no Oriente Médio, privilegiando a força militar à diplomacia.

Com o acordo de US$ 110 bilhões, Trump espera renovar o compromisso com os sauditas no Golfo Pérsico. “Tanto Trump quanto o presidente Barack Obama incentivaram uma nova era de cooperação no Golfo”, disse Derek Chollet, assessor do governo Obama para assuntos de segurança internacional. “A diferença é que agora estão lidando com um parente para fazer um acordo. Para eles, isso é até normal.”

Apesar de pouco ortodoxo, o contato entre Kushner e a Lockheed Martin não é ilegal, dizem membros do governo. Ainda de acordo com assessores da Casa Branca, Kushner começou a fortalecer laços com emissários do governo saudita ainda durante a transição de governo. / NYT