PUBLICIDADE

Governo sírio promete diálogo e reformas, mas opositores desconfiam

Autoridades anunciaram a retirada do Exército de cidades e o início de um diálogo nacional nos próximos dias.

Por BBC Brasil
Atualização:

A Síria afirmou neste sábado a retirada de suas tropas e tanques da cidade costeira de Baniyas e da área ao redor de Deraa, no sul do país, após suas operações destinadas a restabelecer o controle do governo sobre a região. O governo sírio também anunciou que vai iniciar um diálogo nacional sobre reformas políticas nos próximos dias. Na sexta-feira, seis pessoas teriam sido mortas após as forças de segurança abrirem fogo contra manifestantes que protestavam contra o governo após as tradicionais orações de sexta-feira. O número de mortos é menor do que o registrado nos protestos realizados nas semanas anteriores, o que indicaria que a repressão do governo estaria perdendo força, mas alguns ativistas manifestam dúvidas sobre a sinceridade do governo na busca de diálogo. Mortos Ativistas sírios dizem que pelo menos 700 pessoas já foram mortas em consequência da repressão ordenada pelo presidente sírio, Bashar al-Assad, em resposta aos protestos contra seu governo, que começaram há dois meses. Os relatos sobre a repressão na Síria são difíceis de verificar de forma independente, porque os jornalistas estrangeiros estão impedidos de entrar no país e de cobrir as manifestações contra o governo. Um porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos afirmou, porém, que o número de mortes divulgado pelos ativistas é factível. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) diz temer que centenas ou até mesmo milhares de pessoas tenham sido detidas na Síria nas últimas semanas. O governo sírio diz que está buscando "gangues terroristas armadas", às quais responsabiliza pela morte de cerca de 98 soldados e membros dos serviços de segurança nacional e de 22 policiais. Mudança de tática Segundo o correspondente da BBC em Beirute Jim Muir, os acontecimentos dos últimos dias indicam uma mudança de tática pelo regime sírio. Na quinta-feira, o governo anunciou ter dado ordens estritas às forças de segurança de que não abrissem fogo contra manifestantes na sexta-feira. De maneira geral, a promessa foi cumprida, apesar de alguns casos isolados de repressão armada terem sido registrados. A TV estatal pela primeira vez relatou os protestos, embora tenha relativizado o número de manifestantes, mostrado apenas imagens distantes de pequenas concentrações e mantido o som baixo para que não pudessem ser ouvidos os gritos de guerra, muitos deles pedindo a derrubada do regime. Embora os manifestantes digam que os protestos - e a repressão - continuam, o governo diz que a vida começa a voltar ao normal no país. Ainda não está claro a quem a oferta de diálogo feita pelo governo foi dirigida e quem participaria dos debates. Ativistas dizem suspeitar de que o governo mudou apenas cosmeticamente sua posição para reduzir as pressões externas, enquanto internamente mantém sua pressão sobre os opositores. Eles pedem a libertação de milhares de presos políticos e a redução do poder dos serviços de segurança como demonstração de que o governo fala sério ao prometer reformas. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.