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Grupo dissidente assume responsabilidade por morte de jornalista na Irlanda do Norte

Novo IRA afirmou que Lyra McKee foi baleada durante confrontos entre cidadãos e polícia na cidade de Londonderry; mulher de 57 anos foi presa e será interrogada pelas autoridades por possível participação no crime

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Por Redação
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LONDRES - O Novo IRA, grupo republicano dissidente que luta pela reunificação da Irlanda, admitiu ser responsável pela morte da jornalista Lyra McKee, baleada durante confrontos entre cidadãos e polícia na cidade de Londonderry, na Irlanda do Norte. Segundo a polícia, uma mulher de 57 anos foi presa na investigação. Dois homens que haviam sido detidos previamente foram liberados sem acusações.

O Novo IRA apresentou "suas sinceras e completas desculpas ao companheiro, à família e aos amigos de Lyra McKee por sua morte", segundo o site do jornal The Irish News, que afirmou ter recebido uma declaração com uma mensagem cifrada por parte do grupo dissidente.

Protestantes entraram em confronto com veículos de emergência em Londonderry, na Irlanda do Norte Foto: Leona O'Neill/Reuters

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A jornalista faleceu "tragicamente" na noite da última quinta-feira, 18, quando "se encontrava junto às forças inimigas", justificou o Novo IRA, em referência às tropas "fortemente armadas" que "provocaram" os distúrbios que acabaram na morte de McKee.

O episódio recorda os tempos sombrios do conflito na Irlanda do Norte, que dividiu a província britânica durante três décadas. A violência entre republicanos nacionalistas (católicos), partidários da reunificação da Irlanda, e os unionistas (protestantes), defensores da permanência sob a Coroa britânica, deixou cerca de 3.500 mortos até o Acordos da Sexta-feira Santa, em 1998. O pacto acertou uma retirada das forças britânicas e o desarmamento do Exército Republicano Irlandês.

Mas como ocorre com o Novo IRA, ainda existem grupos ativos de republicanos dissidentes que lutam pela reunificação com a vizinha República da Irlanda, inclusive através da violência. Criado entre 2011 e 2012, ele reivindicou a explosão em janeiro de um carro-bomba em Londonderry.

Após o atentado, foram encontrados vários pacotes com pequenos artefatos explosivos, sobretudo em edifícios dos aeroportos City e Heathrow de Londres, atos reivindicados também pelo Novo IRA. Depois da morte de Lyra McKee, a polícia norte-irlandesa afirmou que havia constatado uma "mudança radical" no bairro de Creggan, onde aconteceram os confrontos, e que é conhecido até agora pelas relações tensas com as forças de segurança.

No muro do "Free Derry Corner", símbolo das reivindicações separatistas, manifestantes escreveram a frase "Não em nosso nome. RIP Lyra", reflexo da irritação dos moradores e da rejeição à violência. Os seis principais partidos políticos da Irlanda do Norte - incluindo os unionistas e os republicanos, que há mais de dois anos não chegaram a um acordo para formar um governo em Belfast - publicaram uma declaração conjunta. "O assassinato de Lyra constitui um ataque contra todos os membros desta comunidade, um ataque contra a paz e o processo democrático". / AFP

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