Guaidó admite que 'calculou mal' apoio das Forças Armadas para derrubar Maduro

Autoproclamado presidente interino da Venezuela também não descarta intervenção militar dos EUA

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Por Redação
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WASHINGTON - O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, disse ter cometido erros na tentativa de derrubar o presidente Nicolás Maduro. Em entrevista ao jornal americano The Washington Post, Guaidó também não descartou uma ação militar dos EUA. "(O plano falhou) talvez porque ainda precisemos de mais soldados, e, talvez, precisemos de mais funcionários do regime dispostos a nos apoiar, a apoiar a Constituição", disse Guaidó ao jornal. "Acho que as variáveis são óbvias neste momento." 

Juan Guaidó enfatizou a natureza pacífica das manifestações deste sábado Foto: Ronaldo Schemidt / AFP

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Um protesto na quarta-feira atraiu milhares de pessoas. Mas, no sábado, uma marcha convocada por Guaidó em direção a instalações militares fracassou, não chegando nem perto das multidões como protestos anteriores. "Fazemos isso há 20 anos", disse Guaidó, referindo-se à ascensão do líder esquerdista Hugo Chávez, que morreu em 2013 depois de nomear Maduro como seu sucessor. "Ficar frustrado e cansado faz parte, mas os venezuelanos demonstraram que sempre levam a luta novamente quando precisam."

Questionado sobre o que faria se o conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, John Bolton, ligasse e oferecesse uma intervenção dos EUA, Guaidó disse que responderia da seguinte forma: "Caro amigo, embaixador John Bolton, obrigado por toda a ajuda dada à nossa causa. Obrigado por essa opção, vamos avaliá-la e, provavelmente, considerá-la no Parlamento pra resolver essa crise. Se for necessária, talvez a aprovemos".

Guaidó também disse que não está disposto a dialogar com Maduro. "Isso aconteceu em 2014, em 2016, em 2017 ... O fim da usurpação é uma pré-condição para qualquer diálogo possível." No entanto, se os acontecimentos desta semana enfatizaram que a mão da oposição ainda não é tão forte quanto esperavam, Guaidó disse que também mostraram Maduro mais fraco do que muitos esperavam. Ele sugeriu que o chefe de espionagem de Maduro - que desapareceu na terça-feira - havia desertado. E apesar do apelo de terça-feira por um levante pacífico, Maduro não ordenou a prisão de Guaido. Por quê? Porque Maduro, ele insistiu, "está com medo".

Corrupção, má administração e políticas fracassadas colocaram a Venezuela na pior crise econômica e social de sua história recente, provocando fome, êxodo em massa de migrantes e colapso do sistema de saúde pública, bem como das redes de eletricidade e água. Além disso, manifestantes anti-governo enfrentaram repressão violenta do governo de Maduro, incluindo cinco mortes apenas esta semana. / THE WASHINGTON POST

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