Presidentes, premiês e chanceleres do Brasil, que tradicionalmente faz a abertura da assembléia, França, Alemanha, Rússia e outras nações de importância econômica e política também têm os discursos analisados por diplomatas e jornalistas redor do mundo. Mas quase ninguém se importa com o que dizem os países minúsculos na tribuna da ONU, apesar de, na Assembléia Geral, eles terem o mesmo peso da China e da Índia.
Estes micro-Estados se dividem em dois grupos em seus discursos. Há os que preferem falar de seus problemas locais e os mais preocupados com os grandes acontecimentos do mundo. Jaume Bartumeu Cassany, chefe de governo do Principado de Andorra, único país do mundo que tem o catalão como língua oficial, lembrou que sua nação, em 700 anos, nunca se envolveu em um conflito armado apesar de estar no coração da Europa, sendo, portanto, a favor do desarmamento internacional. Mônaco e San Marino, outros dois principados europeus, se focaram na defesa das mulheres.
As ilhas Maldivas demonstraram preocupação com o crescimento da islamofobia, tema que teve destaque nos discursos de outros países. Assim como quase todos países-arquipélagos no Índico, no Pacífico e no Caribe, Seychelles alertaram o mundo para os riscos das mudança climáticas que podem levar ao desaparecimento de muitos destes Estados. Já Tonio Borg, vice-premiê de Malta, preferiu debater o conflito entre israelenses, lembrando que seu país fica no meio do Mediterrâneo, entre a Europa e o mundo árabe.
O chanceler do Brasil, Celso Amorim, talvez tenha ficado com inveja do discurso de Tuila'Epa Sailele Malielegaoi, primeiro-ministro das Ilhas Samoa. "Nunca deixamos de lado nosso apoio à expansão do Conselho de Segurança, tanto de seus membros permanentes, como não permanentes. As realidades geopolíticas mudaram", afirmou o primeiro-ministro. Seguindo a linha maltesa, também defendeu uma solução de dois Estados para palestinos e israelenses - posição adotada pelo chanceler de São Tomé e Príncipe. O Reino da Suazilândia, África, foi mais longe e também fez propostas para a solução de conflitos no Afeganistão e no Iraque.
Defendendo o fim do embargo a Cuba e a construção do Centro Islâmico em Manhattan, o presidente do Timor Leste, José Ramos-Horta, não escondeu que poucos se importariam com o que ele diria no seu discurso, acompanhado por meia-dúzia de pessoas em um plenário vazio. "Eu me sinto um filme de Fellini falando para uma sala vazia, falando para fantasmas. Espero que, em compensação, o senhor (presidente da Assembléia Geral, que é da Suíça) me dê uma caixa de chocolates suíços. Tampouco vou imprimir o discurso, porque ninguém lê. E vou falar pouco porque as pessoas devem estar cansadas de ouvir tanta gente", disse o líder timorense.
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O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios