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De Beirute a Nova York

Nasrallah foi envenenado ou não?

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Por gustavochacra
Atualização:

O Oriente Médio é rico em teorias da conspiração. Especialmente o Líbano, como escrevi em outro post. A última delas diz que o xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, foi envenenado por uma substância química. Somente foi salvo porque um time de médicos iranianos desembarcou em Beirute às 11h da noite de domingo. Os autores, claro, seriam agentes do Mossad, o serviço secreto de Israel. Nasrallah ainda estaria com a saúde debilitada.

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A informação é do jornal Almalaf, do Iraque. E foi repercutida no "Haaretz" e no "Jerusalem Post". Nenhum deles conseguiu confirmar a notícia. Al-Hajj Hassan, um parlamentar libanês, que integra o Hezbollah, negou, segundo o "Haaretz". Como todas as teorias da conspiração, há indicações de que pode ser verdade e outras de que pode ser mentira.

Primeiro, por que poderia ser verdade. 1. Nasrallah não aparece há alguns dias. 2. Israel já tentou envenenar Khaled Meshal, um dos principais líderes do Hamas, há mais de dez anos, em ação fracassada na Jordânia. 3. Mesmo sem confirmar, o "Haaretz" e o "Jerusalem Post", que são jornais sérios, chegaram a colocar a informação como manchete durante o dia. 4. Israel considera Nasrallah um de seus maiores inimigos e não mediria esforços para eliminá-lo.

Agora, por que pode ser mentira 1. O jornal iraquiano é desconhecido. 2. Para que trazer os médicos iranianos, que estão a horas de distância, enquanto Beirute tem hospitais mais avançados e médicos com melhor formação do que em Teerã? Em caso de vida ou morte, seria melhor salvar Nasrallah do que deixá-lo morrer a espera dos médicos iranianos apenas para a notícia não vazar. 3. Israel está em um momento político delicado, no qual a ministra das Relações Exteriores, Tzipi Livni, não consegue formar um governo. Matar Nasrallah implica, provavelmente, em uma nova guerra. 4. É raro ouvir falar de colaboradores dentro do Hezbollah, mesmo no sul do Líbano e durante a ocupação israelense. Não é como no caso dos palestinos, onde a delação em troca de dinheiro é mais comum. Para envenenar Nasrallah, que vive escondido - talvez nem esteja no Líbano -, Israel necessitaria de alguém dentro do círculo imediato do líder do grupo. 5. Finalmente, Nasrallah e o Hezbollah, com certeza, devem tomar o máximo de precauções para evitar que um atentado deste tipo aconteça.

Enfim, não há como confirmar nem negar a informação divulgada pelo jornal iraquiano, que cita fontes diplomáticas. Até que provem o contrário, deve ser considerada como teoria da conspiração. Uma das boas, que ilustra bem os acontecimentos nesta região.

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