Os EUA, a França a Grã Bretanha consideraram "muito tardia" a autorização de Assad - irônico, afinal, para as outras três suspeitas de uso de armas químicas, meses atrás, um período bem mais longo não seria um obstáculo.
O mais provável é que, nos próximos dias ou semanas, os EUA e seus aliados europeus lancem mísseis e realizem ataques aéreos contra a Síria nos moldes dos levados adiante por Ronald Reagan contra Muamar Kadafi, na Líbia, em 1986, depois do então regime líbio ser acusado de envolvimento em atentado terrorista na Alemanha. Mísseis Tomahawks devem ser usadas contra instalações militares do regime sírio.
Será mais como um bombardeio punitivo, sem o objetivo de derrubar Assad ou seu regime. Os EUA e seus aliados apenas avaliam ser preciso dar uma lição e deixar claro que o uso de armas químicas não passará impune.
Obama não desfruta de respeito no Oriente Médio. O general Sisi ignora suas pressões e sabe que sua mesada de US$ 1,5 bilhão não foi afetada depois de seu regime massacrar mais de mil membros da Irmandade Muçulmana e prender seus principais líder, inclusive o presidente. Benjamin Netanyahu sabe que pode expandir os assentamentos sem sofrer consequências. Mahmoud Abbas sabe que pode recorrer à ONU em busca de reconhecimento independente do que ache o presidente dos EUA. O Irã sabe que pode seguir com seu programa de enriquecimento de urânio. A Arábia Saudita não enfrenta problemas em manter um Apartheid contra as mulheres.
Agora, em uma ação contra Assad, Obama tentará mostrar decisão e impor respeito. Realmente, caso o regime sírio seja responsável pelo ataque químico (por enquanto, é suspeito), o presidente americano, dentro de todo um contexto político em Washington, se verá forçado a agir. Se tiver sido a oposição (e pode ter sido sim), este cenário não ocorrerá.
Mas, insisto, será um campanha de bombardeios punitiva, sem tentar derrubar Assad. E este talvez não ocorra, dependendo do resultado da investigação dos inspetores da ONU (admito, estou sendo precavido, mas acho que o bombardeio ocorrerá e podem me cobrar se este não ocorrer em um mês. Também tenho direito a erro).
Amanhã escrevo as consequências desta operação.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires