Os hospitais da República Dominicana na fronteira com o Haiti estão "lotados" com vítimas do terremoto e os estoques de combustível estão chegando a níveis críticos, informou hoje a Organização das Nações Unidas (ONU). O aviso foi feito no momento em que a ajuda da ONU foi ampliada para abranger mais pessoas em comunidades afastadas do Haiti. A iniciativa tem como objetivo atender as necessidades de 1 milhão de sobreviventes do tremor de 7,0 graus na escala Richter, ocorrido na terça-feira."Hospitais na região de fronteira estão lotados e começaram a enviar pacientes para outras cidades", informou a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU em seu último relatório, citando funcionários da entidade na República Dominicana, país vizinho. "Há falta de material, equipamento e de médicos nesses hospitais e não há um relatório que indique claramente o que é necessário", advertiu a entidade.A Organização Internacional para a Migração (OIM) relatou na sexta-feira o aumento do número de haitianos que cruzam a fronteira na cidade de Jimani para buscar tratamento hospitalar. A Cruz Vermelha dominicana estava montando um hospital de campanha para atender ao crescente número de pessoas em busca de tratamento.O problema do combustível no Haiti "está se tornando mais e mais crítico" e já há restrições, informou a ONU, advertindo que a falta do material pode ter sério impacto sobre os esforços internacionais de ajuda humanitária. "O sistema nacional de telecomunicações foi restaurado em parte, mas sem acesso aos combustíveis a rede de telefonia celular será cortada nos próximos dias, o que terá sérias implicações para a operação humanitária", afirmou a Coordenação de Assuntos Humanitários.Cerca de 10 mil galões (45,4 mil litros) de combustível deveriam ser levados de caminhão da República Dominicana para o Haiti. Porém, a rodovia que liga a capital dominicana, Santo Domingo, à capital haitiana, Porto Príncipe, estava congestionada, elevando o tempo de viagem para até 18 horas. Uma nova ligação aérea para a ajuda humanitária estrangeira foi aberta no aeroporto ao sudoeste de Barahona, local de férias da República Dominicana, para facilitar o acesso, disse a porta-voz da Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Elisabeth Byrs.Quarenta e três equipes de busca e resgate com 1.739 homens e 161 cães estavam trabalhando. Eles retiraram 71 pessoas dos escombros de um prédio ontem. O trabalho foi expandido para cidades atingidas a oeste e sudoeste de Porto Príncipe, dentre elas Gressier e Petit Goave, onde vivem 14.500 pessoas, e Leogane, que tem uma população de 11.510 pessoas. Equipes da ONU informaram há três dias que entre 80% e 90% das construções de Leogane foram destruídas.A OIM pretende montar um campo temporário para 100 mil sobreviventes do terremoto em uma semana. No entanto, a locação dele ainda precisa ser determinada, segundo uma porta-voz da entidade. "O objetivo geral é cobrir as necessidades de 200 mil famílias nas próximas semanas." Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, visitou Porto Príncipe. Ele foi até um local improvisado na capital, onde 50 mil pessoas têm vivido perto das ruínas do palácio presidencial de Porto Príncipe. ViolênciaOs casos de violência e saques estão crescendo em Porto Príncipe, denunciou hoje, em comunicado, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha. A entidade notou ainda que o auxílio às vítimas do terremoto ainda chega apenas a um pequeno número de pessoas. "Os preços por comida e transporte dispararam desde a última terça-feira e os incidentes de violência e saques estão crescendo, conforme aumenta o desespero."Muitos moradores da cidade avaliam que estão em uma "situação catastrófica", afirmou a Cruz Vermelha. "O acesso a moradia, saneamento, água, comida e cuidados médicos permanece extremamente limitado", disse Riccardo Conti, chefe da delegação da Cruz Vermelha no país caribenho. As informações são da Dow Jones.