O governo populista da Itália está se recusando a receber em seu território 177 imigrantes resgatados do Mediterrâneo pela própria Guarda Costeira do país. O novo impasse envolve o navio Diciotti, embarcação oficial que salvou náufragos nas águas territoriais italianas.
O resgate dos estrangeiros, uma obrigação pela legislação internacional, foi realizado pelos agentes italianos, mas o ministro do Interior, Matteo Salvini, do partido de extrema direita Liga, se recusa a cumprir outra obrigação internacional, a de receber os sobreviventes em seu território.
A tripulação do navio Diciotti recolheu os náufragos na noite de 15 para 16 de agosto, entre a costa de Malta e a ilha italiana de Lampedusa. A decisão foi tomada sem que o governo fosse consultado, o que levou Salvini e acusar a Guarda Costeira de desobedecer a orientação do Estado sobre a imigração no Mediterrâneo. Um mês antes, a mesma tripulação já havia salvado 450 imigrantes à deriva e levado o grupo para o território italiano, onde têm o direito de solicitar refúgio.
Desta vez, Diciotti teve de ficar estacionado durante cinco dias ao largo da ilha de Lampedusa, sem autorização para acostar. O porto de Catane, na Sicília, foi aberto à embarcação, mas os imigrantes foram proibidos de desembarcar. O governo italiano faz pressão para que a ilha de Malta abrigue os candidatos a refugiados, ou que a União Europeia busque uma solução.
“Agora a Europa deve se apressar para fazer sua parte”, afirmou o ministro dos Transportes, Danilo Toninelli, via sua conta no Twitter.
O novo impasse, desta vez já em território italiano, lembra o ocorrido há uma semana com o navio Aquarius, utilizado pelas ONGs francesas SOS Mediterranée e Médicos Sem Fronteiras (MSF) para socorro a imigrantes.
Então 141 estrangeiros socorridos tiveram de aguardar em alto-mar que uma negociação multilateral liderada pela França e por Malta para encontrar um destino para a embarcação, já que a Itália havia fechado seus portos. O país não entrou nem sequer no acordo de compartilhamento dos candidatos a refugiados, que serão divididos entre a França, a Alemanha, Luxemburgo, Espanha e Portugal.