Jospin rompe silêncio para se declarar contra guerra

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Por Agencia Estado
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Mudo desde que foi eliminado da disputa pela presidência da República em 21 de abril, quando anunciou que abandonava a vida pública, o ex-primeiro-ministro Lionel Jospin decidiu romper o silêncio assinando um longo artigo intitulado Ser Útil, ocupando duas páginas no vespertino Le Monde, no qual analisa a vida política francesa e a própria derrota eleitoral e também se posiciona contra a guerra. Suas aparições públicas também tem sido raras. A última foi na terça-feira, quando participou de uma recepção oferecida pelo presidente Lula da Silva a amigos socialistas franceses. No artigo, Jospin afirma que "a França não tem interesse numa campanha militar no Iraque, não sendo verdade que só princípios estão em jogo nesse conflito". Uma guerra, a seu ver, poderia provocar o recrudescimento do terrorismo, humilharia o mundo árabe e teria um impacto negativo sobre uma já morosa economia internacional. Em suma, "a guerra seria desestabilizadora". "Falar não é voltar", diz Jospin, que confirma ter deixado a vida política: não exerce funções nem disputa mandatos, mas não perde o interesse pelo debate público. No plano internacional, por nos encontrarmos às vésperas de uma guerra que parece inevitável, Jospin lembra que ela será conduzida quase exclusivamente pelas forças dos EUA, com os outros países apenas acrescentando uma caução política. Por isso, se a guerra for deflagrada, ele espera que a França fique de fora, na expectativa de que, com a Alemanha, os parceiros europeus possam ser convencidos a adotar uma posição comum. Aparentemente, sua posição se assemelha à do governo e de Jacques Chirac, mas Jospin faz questão de diferenciá-las. Ele considera a posição do governo ambígua e preocupante, na medida em que este "habilmente procura abrigar-se no que decidirá a ONU", deixando aberta uma posição futura.

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