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Jovem prefeita é morta no Equador e reabre crise sobre domínio do narcotráfico no país

Homicídio da mulher de 27 anos, a jovem a liderar uma prefeitura equatoriana, entrou para a lista de políticos assassinados desde as eleições de 2023

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Por Redação

QUITO -O assassinato a tiros de uma jovem prefeita no Equador reavivou o fantasma da violência política que deixou inúmeras vítimas, incluindo um candidato presidencial, em um país dominado pelo narcotráfico. A prefeita da cidade costeira de San Vicente, Brigitte García, foi encontrada morta no domingo, 24,ao lado do diretor de Comunicação do município, Jairo Loor, dentro de um veículo alugado.

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O homicídio da enfermeira de 27 anos, a mais jovem a liderar uma prefeitura equatoriana, entrou para a longa lista de políticos assassinados desde as eleições de 2023. Segundo as primeiras investigações, Garcia foi atacada de dentro do veículo.

“Gostaria que lembrassem de mim como uma jovem que sempre quis o bem-estar de seu povo. Que muitos jovens sigam meus passos de me envolver na política desde cedo”, disse ao jornal El Universo em julho, quando assumiu o cargo.

A prefeita da cidade equatoriana de San Vicente, Brigitte Garcia, tinha apenas 27 anos  Foto: Prefeitura de San Vicente/AFP

O número de prefeitos assassinados em um ano subiu para três, todos na mesma província de Manabí, no centro do Pacífico equatoriano e uma das áreas estratégicas do tráfico de drogas para os Estados Unidos e Europa.

O caso de violência política mais marcante foi o do candidato presidencial centrista Fernando Villavicencio, morto em agosto do ano passado após um compromisso de campanha.

O jornalista e candidato a presidência do Equador Fernando Villavicencio foi morto após sair de um comício em Quito, Equador, em agosto de 2023  Foto: AP / AP

Fim de semana violento

A prefeita era natural de Manabí, berço da gangue chamada “Los Choneros” - uma das maiores do país. Embora as autoridades não tenham revelado a causa do crime, tudo “indica que são ações do crime organizado e terrorismo urbano”, disse à AFP o coronel aposentado Mario Pazmiño, ex-chefe de inteligência do Exército.

Para o analista, a política “é afetada” pelo narcotráfico, que “também tem interesses” nas esferas do poder.

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“Rejeitamos totalmente este ataque à democracia equatoriana”, disse na segunda-feira, 25, o embaixador dos Estados Unidos no Equador, Michael Fitzpatrick, em um ato militar liderado pelo presidente do Equador, Daniel Noboa, na cidade de Latacunga.

O diplomata fez um apelo “para que se ponha fim à violência política e criminal” e comprometeu-se “com a segurança e a justiça duradoura do Equador”.

Noboa mantém discurso contra gangues

Diante da série de crimes dos últimos dias, Noboa tem mantido seu firme discurso contra as gangues. “Saibam que não nos intimidam, que estamos unidos para enfrentá-los e vencê-los”, afirmou o líder na segunda-feira.

Em meio à onda de violência, Noboa declarou o país em estado de conflito armado interno em janeiro e declarou cerca de 20 organizações de tráfico de drogas como “terroristas” e “beligerantes”.

Sob um estado de exceção decretado em janeiro, o presidente mobilizou as Forças Armadas nas ruas e nas prisões. Algumas organizações de direitos humanos denunciam abusos no uso da força. Noboa, o primeiro a usar colete à prova de balas na campanha, disse ter recebido “ameaças” contra ele e sua família.

O presidente do Equador, Daniel Noboa, usou colete e capacete durante uma vistoria das operações militares da polícia do Equador em Guayaquil  Foto: Gerardo Menoscal/AFP

“Esta luta não terminou, apenas começou, e também nos alerta e nos dá uma clara informação de que também existe narcoterrorismo dentro das instituições públicas”, afirmou o governante de 36 anos, o mais jovem da história do Equador.

Segundo o governo, sua ofensiva contra o tráfico de drogas reduziu a taxa de homicídios de 28 por dia, na primeira semana de janeiro, para 11 mortes diárias, depois de duas semanas./com AFP

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