O escritor italiano Roberto Saviano afirmou ontem que deixará a Itália "pelo menos por um tempo", um dia após a polícia anunciar que estava investigando suspeitas de que a máfia napolitana planeja matá-lo até o Natal. Saviano é autor de Gomorra, best-seller que trata da brutalidade da máfia napolitana, conhecida como Camorra. Após vender 1,2 milhão de exemplares e ser traduzido para 42 idiomas, o livro foi transformado em filme, premiado no Festival de Cannes e indicado como o representante italiano no Oscar. Tanto sucesso fez com que os mafiosos decidissem punir o escritor, que vive escondido e sob proteção policial há mais de dois anos. Ontem, o jornal italiano La Repubblica publicou um artigo de Saviano, no qual diz que deixaria a Itália para escapar das ameaças da Camorra. "Quero uma vida. Creio que tenho direito a um descanso. Nunca pensei que um livro, apenas um livro, pudesse causar esse terremoto", escreveu o autor, de 29 anos. "Quero me apaixonar e beber uma cerveja em público. Quero tomar sol, caminhar e encontrar minha mãe sem sentir medo. Quero rir e não falar de mim mesmo como se eu fosse um doente terminal." Ontem, a polícia italiana voltou atrás e disse que o informante que havia dito que Saviano seria morto até o Natal agora nega a existência da ameaça. Franco Roberti, coordenador do setor da polícia de Nápoles especializado em operações antimáfia, admitiu que as informações passadas pela fonte não foram gravadas.