PUBLICIDADE

Liz Truss assume governo britânico com plano de maior pacote de ajuda energética da Europa

Pacote com valor estimado em mais de R$ 600 bilhões pretende congelar preço pago por consumidores durante o inverno, diante da ameaça de boicote russo

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

LONDRES - A líder do Partido Conservador britânico, Liz Truss, foi oficialmente nomeada primeira-ministra do Reino Unido nesta terça-feira, 6, após um encontro com a rainha Elizabeth II no Palácio de Balmoral, na Escócia, de quem recebeu a missão de formar governo como nova líder da maioria no Parlamento. Truss assume o país em meio a uma crise inflacionária preocupante e com o plano de colocar em andamento o maior pacote de ajuda energética da Europa, com um valor aproximado de 100 bilhões de libras (R$ 604,2 bilhões).

PUBLICIDADE

Anunciada na segunda-feira, 5, como vencedora do processo eleitoral do Partido Conservador para definir sua nova liderança, Truss e seu antecessor, Boris Johnson, viajaram cerca de 800 km ao norte para encontrar a rainha em seu palácio de verão - algo incomum. Geralmente, a transferência de poder acontece no Palácio de Buckingham, em Londres, a menos de 10 minutos de carro do N° 10 de Downing Street, mas a adaptação foi pedida pela Casa Real, que alegou dificuldade de mobilidade da rainha. Antes do encontro com Truss, Elizabeth II recebeu a carta de demissão de Johnson.

Terceira mulher a alcançar o cargo mais alto do governo britânico - após Margaret Thatcher (1979-1990) e Theresa May (2016-2019) - e 15ª premiê a servir durante o reinado de Elizabeth II, Truss assume o governo pressionada por diversas crises, como a do aumento do custo de vida, a sobrecarga no sistema de saúde e a crise energética que ameaça toda a Europa a medida em que o inverno se acerca, e a ameaça de boicote russo aumenta.

A rainha Elizabeth II cumprimenta Liz Truss, nova premiê do Reino Unido, no Palácio de Balmoral, na Escócia. Foto: Andrew Milligan via EFE

A primeira-ministra não detalhou durante a campanha e nem em seu discurso de vitória na segunda-feira quais os planos para endereçar cada um dos problemas - na segunda, ela apenas prometeu um plano para cortar impostos e reduzir o custo da energia -, mas a imprensa britânica afirma que a solução para a crise energética da líder conservadora passaria por um congelamento das contas de energia domésticas até o fim do inverno, medida que teria um custo de 100 a 130 bilhões de libras (entre R$ 604,2 bilhões e R$ 785,5 bilhões), segundo estimativa apresentada pela BBC.

Caso o plano se confirme, seria o maior pacote de ajuda econômica endereçado a controlar os preços da energia na Europa, que dispararam desde o início da guerra na Ucrânia e do cada vez menos previsível fornecimento de gás russo.

Analistas apontam que o plano de controle de preços da energia deve ser apresentado na quinta-feira, 8, antes de um plano similar que deve atender a empresas e produtores - mostrando como a premiê tem pressa em responder a pressão dos consumidores. Projeções apontam que, sem nenhuma medida, as contas de energia domésticas devem subir para uma média de 3.500 libras (R$ 21.148) por ano - o triplo do custo médio um ano atrás.

O aumento dos preços de alimentos e energia, impulsionado pela invasão da Ucrânia e os tremores secundários do covid-19 e do Brexit, impulsionaram a inflação do Reino Unido acima de 10% pela primeira vez em quatro décadas.

Publicidade

O Banco da Inglaterra prevê que atingirá 13,3% em outubro e que o país entrará em uma recessão prolongada até o final do ano - o que já provocou protestos sociais, com diversas categorias realizando greves e paralisações.

Por toda a Europa, países tentam apresentar soluções para o aumento no preço da energia, impulsionado pela crise na oferta provocada por cortes no fornecimento de gás natural russo.

Enquanto a empresa estatal de energia russa Gazprom fechou o principal gasoduto que liga o país à Europa, ministros da União Europeia se reúnem na sexta-feira, 9, em Bruxelas para apresentarem possíveis caminhos a serem seguidos pelo bloco./ AFP. AP e EFE

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.