Maduro diz que pretende normalizar relações diplomáticas com os EUA e União Europeia

declaração ocorre em meio a uma pressão sobre os custos da energia provocada pela guerra da Ucrânia, com os países ocidentais procurando fontes alternativas de petróleo e gás

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Por Redação

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta segunda-feira, 2, estar pronto para normalizar as relações com os Estados Unidos e a União Europeia, em meio a uma reaproximação do chavismo com o governo do presidente Joe Biden e países como França e Espanha. A declaração ocorre em meio a uma pressão sobre os custos da energia provocada pela guerra da Ucrânia, com os países ocidentais procurando fontes alternativas de petróleo e gás.

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Em paralelo, a Casa Branca e Bruxelas pressionam o regime chavista para retomar o diálogo com a oposição, que na semana passada encerrou o mandato de Juan Guaidó como chefe do governo interino criado em 2019, após denúncias de fraude na reeleição de Maduro. A perspectiva em Washington e em outros países latino-americanos e europeus é que a mudança no quadro político na região, com governos de esquerda e centro-esquerda na Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Brasil e México, favoreça o diálogo entre as duas partes.

Ainda nesta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se reunir com o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodríguez, um dos principais aliados de Maduro, e os presidentes do Chile, Gabriel Boric, da Colômbia, Gustavo Petro, e da Argentina, Alberto Fernández. Espera-se também que Lula se reúna ainda este mês com Biden, na Casa Branca, onde o assunto da crise na Venezuela deve ser abordado.

Maduro tenta tirar Venezuela do isolamento diplomático e aliviar sanções Foto: Palácio de Miraflores/ EFE

“A Venezuela está totalmente preparada para normalizar suas relações políticas e diplomáticas com este e os próximos governos americanos”, disse Maduro à Telesur - canal latino-americano financiado pelo próprio regime venezuelano.

As relações entre os dois países estão rompidas desde 2019, quando o governo Trump patrocinou a ofensiva da oposição liderada por Guaidó contra Maduro e impôs uma série de sanções que dificultaram o acesso do petróleo venezuelano ao mercado internacional e agravaram a dura crise econômica que afeta o país desde 2013.

A pressão americana foi acompanhada pelos governos de direita da região à época, principalmente pelo argentino Mauricio Macri, o chileno Sebastián Piñera e o brasileiro Jair Bolsonaro - todos, hoje, fora de seus cargos.

“Queremos uma relação de respeito e espero que os Estados Unidos estejam prontos para virar a página em relação a essa política extremista e preparados para uma posição mais pragmática”, acrescentou o líder chavista.

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Depois que Biden enviou no ano passado uma comissão de diplomatas para Caracas, as relações avançaram, com a Venezuela libertando três americanos que estavam presos há anos no país. A Casa Branca também liberou a Chevron para atuar por seis meses na Venezuela, depois que as negociações entre o governo e a oposição foram retomadas.

“A Venezuela está de portas abertas para o investimento e a produção de energia”, garantiu Maduro, que também relatou avanços nas negociações com a União Europeia.

Segundo o presidente, há um diálogo permanente com o líder de diplomacia da UE, Josep Borrell. Além disso, a Venezuela deve indicar em breve um embaixador na Espanha. Durante a COP-27, no Egito, Maduro se reuniu com o presidente francês, Emmanuel Macron, e ambos sinalizaram uma reaproximação.

Macron defende uma diversificação das fontes de produção de petróleo para enfraquecer a Rússia, com destaque para o alívio de sanções tanto para a Venezuela quanto para o Irã.

No fim de 2022, Maduro também retomou as relações diplomáticas com a Colômbia de Gustavo Petro e reabriu a fronteira entre os dois países. /AFP e EFE

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