Mais de 200 celulares na Espanha estão em lista como alvos de espionagem com Pegasus

Governo espanhol rejeita especular sobre quem poderia ser o responsável pela vigilância; Sánchez falará ao Parlamento

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Mais de 200 números de celulares na Espanha foram selecionados como possíveis alvos de espionagem de um cliente da empresa israelense NSO Group. Segundo o vazamento de dados do programa de vigilância Pegasus, o provável cliente seria o governo do Marrocos.

Detalhes sobre a amplitude da vigilância surgiram após o mais alto tribunal criminal da Espanha abrir uma investigação sobre como os celulares do premiê, Pedro Sánchez, e da ministra da Defesa, Margarita Robles, foram infectados no ano passado com o spyware Pegasus. O governo espanhol rejeitou especular sobre quem poderia ser o responsável pela vigilância dos celulares.

Os celulares teriam sido listados em 2019, segundo registros de data e hora dos dados – que incluem mais de 50 mil possíveis alvos selecionados por clientes da NSO em todo o mundo. O telefone de Sánchez teria sido infectado entre maio e junho do ano passado, um período bastante turbulento na política espanhola.

O premiê espanhol, Pedro Sánchez, fala ao telefone, em imagem de 20 de julho de 2020; seu celular foi alvo de espionagem. Foto: John Thys/AFP Foto: JOHN THYS / AFP

Pedro Sánchez vai falar ao Congresso sobre o caso, atendendo assim a pedidos de todos os partidos da oposição. O governo, formado por uma coalizão de esquerda entre o Partido Socialista (PSOE) e o Unidas Podemos, não tem maioria no Congresso, e por isso, embora os deputados de ambas as legendas tenham votado contra o comparecimento, a proposta foi adiante.

As revelações acontecem em meio a uma tempestade política na Espanha. O governo central do socialista Sánchez enfrenta um momento de tensão com os separatistas da Catalunha, que acusam o Centro Nacional de Inteligência (CNI) de espionagem.

O caso explodiu em 18 de abril, com a divulgação de um relatório do Citizen Lab, um projeto de cibersegurança da Universidade de Toronto. No documento, são identificadas mais de 60 pessoas do movimento independentista catalão que teriam tido seus telefones celulares infectados, entre 2017 e 2020, com o software Pegasus.

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Criado pela empresa israelense NSO, o Pegasus permite acessar os serviços de mensagens e os dados tão logo instalado em um celular, além de ativar o dispositivo de maneira remota para captar som e imagens.

A NSO sempre afirmou que vende o software apenas para Estados e que as operações devem receber a autorização prévia das autoridades de Israel. A ONG Anistia Internacional denuncia que o software pode ter sido utilizado para invadir até 50 mil telefones celulares no mundo./EFE e AFP

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