Mais dois manifestantes morrem durante protesto contra Maduro

Mortes ocorreram na terça-feira no Estado de Lara e elevam a 4 o número de vítimas desde o início do mês; multidão saqueia lojas de shopping em Miranda

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CARACAS - Mais duas pessoas morreram nos protestos de terça-feira contra o governo de Nicolás Maduro, elevando a quatro o número de vítimas em meio aos crescentes tumultos na Venezuela. O Ministério Público informou nesta quarta-feira que as duas mortes ocorreram no Estado de Lara (oeste). 

Três investigadores foram designados para apurar as mortes de Miguel Antonio Colmenares, de 36 anos, e de Brayan Principal, de 14 anos, na cidade de Barquisimeto. O deputado opositor Alfonso Marquina disse em sua conta no Twitter que o adolescente havia levado um tiro no abdômen. O Ministério Público acrescentou que Gruseny Antonio Canelón, de 32 anos, também ficou ferido.

Uma nova onda de protestos convocados pela oposição em Caracas resultou em confrontos entre manifestantes e agentes de segurança pela quinta vez no mês de abril Foto: AFP PHOTO / FEDERICO PARRA

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O governador oposicionista Henri Falcón disse que após um blecaute “infiltrados” e “delinquentes” armados circularam pela cidade. “Eles passam pelos bairros e atiram nas pessoas que estão protestando”, contou Falcón, ex-membro do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), pedindo uma negociação para pôr fim à crise política da Venezuela.

Dois jovens de 19 anos morreram baleados nos dias 6 e 11 nas proximidades de Caracas e Valencia, no ápice das mobilizações que a oposição realiza desde o início do mês. As mortes foram confirmadas pela Justiça, ainda que o governo argumente que a pessoa que morreu nas proximidades da capital não participava do protesto. Em ambos os casos, as mortes supostamente ocorreram devido a disparos feitos pelos policiais enquanto atuavam no desbloqueio de vias ocupadas pela manifestação.

Os protestos começaram após o Supremo Tribunal da Justiça (STJ) assumir as funções da Assembleia Nacional, dominada pela oposição, deixando os deputados sem imunidade política. As medidas foram anuladas parcialmente após forte repúdio da comunidade internacional.

As manifestações resultaram em fortes confrontos entre os manifestantes e forças policiais e militares, que já deixaram dezenas de feridos e mais de cem detidos. Muitas pessoas preveem mais episódios de violência em um país assolado pela crise econômica e escassez e que tem um dos maiores índices de homicídio do mundo. 

Emitindo um sinal preocupante para o presidente de esquerda, grupos das favelas tradicionalmente pró-governo de Caracas e de bairros de baixa renda de outras partes do país também foram às ruas.

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Os adversários de Maduro se sentiram encorajados pelas imagens de uma multidão no Estado Bolívar, no sudoeste da Venezuela, zombando e atirando objetos contra Maduro cuidadosamente protegido durante um evento na terça-feira, antes de a emissora estatal interromper a transmissão.

Testemunhas disseram que na terça-feira moradores de vários bairros da classe trabalhadora de Caracas interditaram ruas com lixo ou destroços em chamas, e descreveram choques com forças de segurança. Ao menos 71 pessoas foram presas na terça-feira, de acordo com o grupo de direitos humanos Penal Forum. 

Saques. Nesta quarta-feira, no vizinho Estado de Miranda ao menos 14 lojas de um shopping foram saqueadas na cidade de Guarenas. Segundo a agência EFE, uma sapataria, uma joalheria, salões e uma agência de loteria do Centro Comercial Miranda foram alguns dos estabelecimentos mais afetados. 

O governador de Miranda, o opositor Henrique Capriles, condenou no Twitter os atos de violência em Guarenas e afirmou que a “luta” é em defesa da Constituição, e essas ações são promovidas pelo “madurismo” para “desvirtuar razões legítimas do povo”. 

Os rivais de Maduro exigem a convocação das adiadas eleições estaduais, que, segundo pesquisas de opinião, não seriam vencidas pelo governista PSUV. Eles também querem uma eleição presidencial antecipada, já que o governo frustrou a tentativa de convocação de um referendo contra o presidente. / EFE, AFP e REUTERS

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