STEPANAKERT, AZERBAIJÃO, E MOSCOU - Metade da população de Nagorno-Karabakh, entre 70 mil e 75 mil pessoas, foi deslocada pelos combates iniciados há quase duas semanas entre separatistas armênios e o Azerbaijão, anunciaram nesta quarta-feira, 7, as autoridades do território.
"De acordo com nossos cálculos preliminares, quase 50% da população foi deslocada: 90% dos afetados são mulheres e menores de idade. Falamos de entre 70 mil e 75 mil pessoas", declarou Artak Belgarian, mediador responsável pela defesa dos direitos dos civis em tempos de guerra.
Segundo Belgarian, as pessoas foram deslocadas dentro de Nagorno-Karabakh ou se tornaram refugiadas "em outros locais mais seguros" fora do território.
Nagorno-Karabakh tem 140 mil habitantes, 99% deles armênios. As autoridades locais e a Armênia acusam o Azerbaijão, desde o início dos combates em 27 de setembro, de tomar como os civis como alvos, sobretudo em Stepanakert, a cidade mais importante do território, onde vivem quase 50 mil pessoas.
Desde sexta-feira da semana passada, a localidade é alvo de foguetes e projéteis que forçam a população a buscar abrigo nos subsolos ou fugir de suas casas.
As autoridades do Azerbaijão também afirmam que sua população civil é alvo de ataques armênios, mas não apresentaram dados sobre deslocados.
Na madrugada de quarta-feira, Stepanakert voltou a ser atingida por bombardeios. Durante a manhã foram registrados ataques com drones. As sirenes ressoam com frequência na cidade, que fica praticamente sem energia elétrica durante as noites.
Um morador entrevistado pela AFP afirmou que a noite passada teve os bombardeios mais intensos desde o fim de semana.
Putin fala em tragédia e pede cessar-fogo
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, exortou Armênia e Azerbaijão a terminar com a "tragédia" em Nagorno-Karabakh em seu primeiro pronunciamento público sobre o conflito.
"É uma enorme tragédia. Pessoas morrem e há grandes perdas em ambos os lados. Esperamos que este conflito cesse o mais rápido possível", disse Putin.
O conflito no Nagorno-Karabakh é visto com preocupação pela comunidade internacional por criar instabilidade na região do Cáucaso, mexendo com interesses de Rússia e Turquia, potências militares que disputam influência entre os países da área./ AFP