Militar enviado para interceptar avião que violou espaço aéreo de Washington viu piloto desacordado

Avião caiu em área remota da Virgínia após violar espaço aéreo da capital americana e ser interceptado por caças da Força Aérea

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Por Ian Duncan , Dan Lamothe e Emily Davies

O militar de um dos caças que perseguiu o jato executivo que caiu na zona rural da Virgínia, nos Estados Unidos, disse que viu o piloto do avião particular desacordado antes da queda, segundo duas fontes ouvidas pelo Washington Post. A informação teria sido dada aos investigadores do Conselho Nacional de Segurança de Transporte (NTSB, em inglês), que chegaram à região da queda nesta segunda-feira, 5.

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Segundo o chefe da investigação, Adam Gerhardt, a equipe deve ficar no local por três a quatro dias para chegar ao local exato do acidente, numa região remota e montanhosa. “O local do acidente levará muito tempo para chegar”, disse. “Os destroços estão altamente fragmentados.”

Especialistas afirmam que dados de voo públicos sugerem que o piloto estava inconsciente, provavelmente por causa de uma perda de pressurização, e que o avião voou em piloto automático até ficar sem combustível. A Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) disse que informações preliminares mostram que o piloto e os três passageiros morreram “em circunstâncias desconhecidas”, segundo o comunicado.

Equipe de resgaste na região da Virgínia onde avião caiu no domingo, 4. Tripulantes da aeronave morreram, informaram autoridades Foto: Randall K. Wolf/via AP

O proprietário do avião, John Rumpel, de 75 anos, afirmou que as autoridades também informaram a ele que os quatro tripulantes do avião morreram, incluindo a filha e a neta dele. O empresário também informou que a polícia disse que a causa do incidente ainda é investigada, mas que provavelmente a queda do avião ocorreu após perda de pressurização.

O jato Cessna Citation decolou de um pequeno aeroporto no Tennessee neste domingo, 4, e tinha como destino Long Island, em Nova York, mas voltou na direção sul após chegar a Nova York e acabou sobrevoando a capital Washington. As duas fontes ouvidas pelo Washington Post em anonimato disseram que o contato com o avião foi perdido 15 minutos após a decolagem, quando ele passava pela Virgínia pela primeira vez.

Violação do espaço

Ao detectar a violação do espaço aéreo sobre Washington, seis caças F-16 saíram da Base Conjunta Andrews, em Maryland, e de outras duas instalações militares. Eles receberam autorização rara dos comandantes para voar em velocidades supersônicas sobre uma área urbana para interceptar o jato particular, o que causou um estrondo ouvido na capital americana.

O porta-voz do Pentágono, o tenente-coronel Devin Ronbinson, disse que os aviões voaram em velocidades supersônicas para chegar à situação o mais rápido possível, como parte do protocolo de resposta. “Isso permite mais tempo para as pessoas executarem os procedimentos e dá mais tempo para que as decisões sejam tomadas”, declarou.

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Segundo as autoridades americanas, os caças e os controladores de tráfego aéreo não conseguiram fazer contato com o avião. Ele caiu por volta das 3h30 (horário local) no condado de Augusta, na Virgínia. A polícia estadual disse que parecia não haver sobreviventes. Os socorristas teriam chegado à região do acidente por volta das 8h do domingo.

Imagem mostra área onde a aeronave Cessna Citation caiu, no domingo, 4. Região é descrita como remota e montanhosa Foto: Erin Edgerton/AFP

O local do acidente fica perto da Blue Ridge Parkway, descrita como remota e sem sinal de celular, a cerca de 160 quilômetros de Washington. Os investigadores do Conselho Nacional de Segurança e Transporte documentarão a cena do acidente e examinarão os destroços do avião, além de coletar informações de radar, dados meteorológicos, registros de manutenção e registros médicos do piloto.

O conselho deve divulgar um relatório preliminar em cerca de três semanas. O relatório final incluindo uma causa formal provavelmente levará pelo menos um ano.

Dados preliminares

Jeff Guzzetti, ex-investigador da FAA e da NTSB, disse que dados de rastreamento de voo sugerem que o piloto não estava no controle do jato muito antes de chegar a Nova York.

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O avião não fez nenhuma tentativa de descer em seu destino em Long Island e parecia ter se virado para voltar para Tennessee. Segundo Guzzetti, isso indicaria que o avião estava voando no piloto automático. “O que quer que tenha acontecido, aconteceu em altitude, que é um local crítico para perder a pressurização”, disse Guzzetti. “Quanto mais alto em altitude você estiver, menos tempo você terá para entrar no oxigênio.”

O avião continuou a voar a cerca de 34 mil pés (equivalente a 10,3 mil metros de altura) até começar a espiralar para o chão. Guzzetti disse que os minutos finais do voo indicam que o combustível do motor direito do avião havia esgotado.

Caberá ao NTSB determinar o que pode ter causado a perda de pressão do avião e por que o piloto não foi capaz de usar um sistema de oxigênio. Os investigadores devem checar quando o sistema de oxigênio foi reparado pela última vez e se os registros de manutenção revelam algum problema com o avião. “Será um desafio para o NTSB responder a essas perguntas, dada a destruição dos destroços”, disse Guzzetti.

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Um porta-voz do Comando de Defesa Aeroespacial disse que dois jatos “inspecionaram” o Cessna, que foi interceptado por volta das 3h20. O piloto não reagiu e caiu perto da Floresta Nacional George Washington, na Virgínia, disseram as autoridades. Os militares não derrubaram o avião e não há indícios de que a interceptação tenha causado o acidente. /WASHINGTON POST

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