O sistema democrático está mais fraco neste momento do que 30 anos atrás, aponta Ian Bremmer

O presidente e fundador do Eurasia Group, Ian Bremmer, participou do GZERO Summit Latam 2023 em São Paulo e palestrou sobre democracia, a relação entre EUA e China e o papel do Brasil na geopolítica

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Por Daniel Gateno
Atualização:

“Nós sabemos que a economia americana é mais robusta que a chinesa, mas não temos mais certeza de que a democracia dos Estados Unidos é mais forte que o autoritarismo da China”, afirmou Ian Bremmer, presidente e fundador do Eurasia Group e da GZERO Media no painel final do GZERO Summit Latam 2023, evento promovido pela consultoria de risco político Eurasia Group e realizado na Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo, nesta quinta-feira, 29.

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O evento contou com uma série de painéis com especialistas e autoridades e tinha como objetivo discutir questões relacionadas a política e economia na América Latina.

Bremmer participou do painel “O quadro geral: tendências geopolíticas que moldarão o próximo ano”. O presidente e fundador do Eurasia Group se mostrou preocupado com o futuro do sistema democrático. “Não estou feliz em dizer isso, mas o sistema democrático está mais fraco neste momento do que 30 anos atrás”, afirmou o analista.

O presidente e fundador do Eurasia Group, Ian Bremmer, discursa em evento em Nova York  Foto: Keith Bedford/ REUTERS

China

O presidente do Eurásia Group afirmou que apesar da relação entre China e Estados Unidos ser de competição, não existe uma nova guerra fria entre Pequim e Washington.

“A guerra fria entre Estados Unidos e China não existe porque o Brasil pode ter boas relações com os dois lados sem ter que escolher”, ponderou Bremmer. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, já se encontrou com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em Washington e com o presidente da China, Xi Jinping, em Pequim, em seu terceiro mandato.

Para o analista americano, o Brasil está em uma ótima posição na ordem econômica por ser um país que desperta o interesse comercial e turístico do mundo todo. “O Brasil pode fazer negócios com os EUA, China, Índia, e não há problema nenhum e tem um sistema político estabilizado”.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, posam para uma foto após uma reunião bilateral durante a cúpula do G-20 em Bali, Indonésia  Foto: Saul Loeb/AFP

Oriente Médio

De acordo com Bremmer, o Oriente Médio está sendo uma região de boas notícias com indícios de uma maior cooperação entre os países e uma demonstração de força na democracia israelense. “Tivemos o cessar-fogo no Iêmen, o acordo de relações diplomáticas entre Irã e Arábia Saudita e a população israelense foi as ruas para defender a democracia”, ponderou o presidente do Eurasia Group.

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“O ex-secretário de Estado dos EUA John Kerry afirmou que nada seria resolvido em Israel até que um acordo fosse feito entre palestinos e israelenses. Mas Trump conseguiu costurar os acordos de Abraão e o presidente Biden deve anunciar que Israel e Arábia Saudita também irão chegar a um acordo de relações diplomáticas até o final do ano, então Kerry estava errado”, apontou Bremmer.

O analista também afirmou que o presidente da Síria ,Bashar Assad, está sendo cada vez mais aceito na arena internacional, após uma longa guerra na Síria, que não conseguiu fazer com que ele perdesse o poder.

Rússia

Bremmer também comentou sobre a rebelião armada liderada pelo chefe do Grupo Wagner, Ievgeni Prigozhin, no final de semana. Para o presidente do Eurasia Group, os Estados Unidos consideram que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, é um criminoso de guerra que invadiu injustamente a Ucrânia, uma nação soberana. Contudo, Washington considera que um cenário com Putin no poder é mais estável do que com o líder do grupo mercenário.

“O governo Biden estava com medo de que Putin fosse deposto neste final de semana, porque seria muito pior com Prigozhin no poder”, avaliou o analista.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversa com o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko após uma reunião bilateral  Foto: Gavriil Grigorov / AP

EUA está mais polarizado que Brasil, diz presidente de empresa de pesquisa

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De acordo com Clifford Young, presidente da Ipsos, uma das maiores empresas de pesquisa de mercado do mundo, a polarização nos Estados Unidos está maior do que no Brasil neste momento. Ele ressaltou as incertezas sobre o cenário político americano para as eleições no país, que estão marcadas para o ano que vem.

“Não sabemos se Donald Trump poderá concorrer a presidência dos Estados Unidos, mas ele lidera as pesquisas para ser o candidato no Partido Republicano e pode enfrentar o atual presidente dos EUA, Joe Biden, no próximo pleito”, apontou Young. Para o presidente da Ipsos, a polarização faz com que o trabalho dos institutos de pesquisa seja mais difícil

O presidente da Ipsos participou do painel “Temporada de eleições: antecipando os resultados das eleições na América Latina e nos Estados Unidos”, que teve a mediação de Christopher Garman, diretor geral para as Américas do Eurasia Group, e de Daniel Kerner, diretor da área de América Latina do Eurasia Group.

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Segundo uma pesquisa da Ipsos que foi publicada no dia 13 de junho, os eleitores republicanos seguem apoiando Trump mesmo com seus diversos problemas com a justiça americana. A pesquisa também mostra que metade dos americanos acredita que as acusações têm motivação política.

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