A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou nesta sexta-feira uma resolução de condenação a Israel pelo massacre de Beit Hanoun, exigindo o final das ações militares na Faixa de Gaza e a retirada do Exército israelense do território. A resolução, apresentada pelo grupo árabe da ONU, foi aprovada por 156 votos a favor, 7 contra e 7 abstenções. O texto da resolução é praticamente o mesmo que foi levado à votação na última semana no Conselho de Segurança, mas que não conseguiu ser aprovado pelo veto imposto pelos EUA, que consideraram a medida desequilibrada e com motivações políticas. O documento exige que Israel encerre as suas incursões militares contra a população civil palestina e retire imediatamente suas forças da Faixa de Gaza. O Exército deve voltar às posições que ocupava até 28 de junho, quando explodiu a atual escalada de violência. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, foi encarregado de formar uma comissão para investigar o ataque de Beit Hanoun, no dia 8 de novembro. Na ocasião, morreram 19 civis, entre eles mulheres e crianças. A resolução também lembra a Israel suas obrigações com a Convenção de Genebra de proteger a população civil. E pede à comunidade internacional, principalmente ao Quarteto (EUA, ONU, UE e Rússia), uma ação imediata para estabilizar a situação e retomar o processo de paz. Os EUA votaram contra, assim como Israel e alguns pequenos países, como as Ilhas Marshall. Canadá e Austrália estão entre as abstenções. O embaixador americano na ONU, John Bolton, afirmou antes da votação sua disposição de votar contra a resolução. Para ele, o texto é "politicamente motivado e parcial, contra um país que durante décadas tem sido um alvo da Assembléia Geral". "Infelizmente estas resoluções servem apenas para exacerbar a tensão com base nos interesses de elementos hostis ao direito reconhecido e inalienável de Israel à existência", opinou. Os 25 países da União Européia (UE) votaram a favor. O representante palestino na ONU, Ryiad Mansour, agradeceu a todos os países que votaram a favor e acusou a delegação de Israel de insultar a Assembléia Geral, por ter considerado a sessão de emergência uma "palhaçada" e uma "farsa teatral". "Israel insultou a todos nós, e esperamos que tenha aprendido uma lição de que não pode atuar acima da lei, e que se quer ser um membro respeitável da ONU deve respeitar o direito internacional", afirmou. Para o palestino, a aprovação da resolução demonstra que "a causa da justiça é firme". Ele viu o resultado como uma "mensagem de esperança aos palestinos de que algum dia terminará a ocupação". O embaixador adjunto de Israel, Daniel Carmon, afirmou que seu país não tentou insultar a Assembléia Geral, mas se incomodou com o Procedimento. "O problema do terrorismo não foi abordado na resolução, que portanto não reflete o que acontece na região. Esperamos poder resolver nossos problemas entre nós e nossos vizinhos sem a interferência exterior, que às vezes não ajuda", disse. Ao contrário das resoluções adotadas no Conselho de Segurança, as aprovadas pela Assembléia Geral não têm caráter obrigatório.