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Palavra genocídio vem à mente diante da morte de crianças em Gaza, diz Celso Amorim

Assessor de Lula participa de cúpula em Paris que discute ajuda a Gaza; governo tenta há dias incluir brasileiros em lista de estrangeiros para sair do território palestino

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Por Redação
Atualização:

PARIS - O assessor especial da presidência para assuntos internacionais, ex-chanceler Celso Amorim, disse nesta quinta-feira, 9, durante a Conferência de Ajuda Humanitária em Paris que a morte de crianças palestinas na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza ‘traz inevitavelmente a palavra genocídio à ‘mente’. O governo israelense rejeita o uso do termo genocídio para descrever a operação em Gaza.

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Amorim é o enviado do governo à cúpula, que ocorre em meio ao desconforto do Planalto na demora em retirar 34 brasileiros do enclave, depois que Egito e Israel concordaram em abrir a fronteira para saída de estrangeiros.

A ofensiva terrestre e aérea de Israel contra Gaza é uma resposta aos atentados terroristas de 7 de outubro, que deixaram 1,4 mil mortos e 240 reféns, segundo autoridades locais. Os bombardeios já deixaram mais de 10 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, uma grande parte deles crianças.

Esse número não pode ser verificado de maneira independente em razão da dificuldade de a imprensa internacional operar em Gaza. Apesar disso, o Pentágono estima que o número de vítimas em Gaza está na casa dos ‘milhares’.

Celso Amorim está em Paris para conferência sobre ajuda à Faixa de Gaza Foto: LUDOVIC MARIN / AFP


“Eu reitero a condenação do Brasil dos ataques terroristas contra os israelenses e a tomada de reféns. No entanto, atos bárbaros como esses não justificam o uso indiscriminado da força contra civis”, disse Amorim em um discurso em inglês. “A morte de milhares de crianças é chocante. A palavra genocídio inevitavelmente vem à mente.”

No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também usou a palavra genocídio para a morte de crianças em Gaza, e foi alvo de críticas. No começo do ano, na apresentação da edição brasileira do livro Engajando o mundo: a construção da política externa do Hamas, escrito pelo pesquisador britânico Daud Abdullah, Amorim chegou a elogiar o grupo terrorista palestino.

“Como firme defensor dos direitos palestinos e defensor de uma solução por meios pacíficos, fiquei muito encorajado com as palavras finais do autor: através de maiores esforços diplomáticos e alianças globais, ‘o Hamas pode desempenhar um papel central na restauração dos direitos palestinos’”, diz o assessor na apresentação do livro.

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Demora em Gaza

Oficialmente, o governo de Israel diz que a demora na liberação dos brasileiros em Gaza se deve ao Hamas, que, segundo Tel-Aviv, boicota as operações de retirada tentando incluir seus combatentes na retirada de palestinos feridos.

De maneira reservada, no entanto, diplomatas brasileiros avaliam que a retórica do Planalto pode ser um fator negativo na negociação. Nesta quinta-feira, o chanceler Mauro Vieira voltou a falar com o Ministro de Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, sobre o caso. No fim de semana, Israel prometeu que os brasileiros estariam na lista até quarta-feira, o que não ocorreu.

Também na quarta-feira, o embaixador de Israel Daniel Zonshine participou de uma reunião com parlamentares em Brasília, que contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro, para mostrar as imagens do atentado do dia 7. Ao portal UOL, o embaixador disse que a ideia da reunião não era fazer disso um evento político.

Conferência de Paris

A França organizou essa conferência para reunir os principais doadores e acelerar a ajuda - alimentos, energia e equipamentos médicos - para a Faixa de Gaza, que também registra um êxodo de seus habitantes em direção ao sul.

As Nações Unidas estimam que seria necessário angariar US$ 1,2 bilhão de dólares (quase R$ 6 bilhões) de ajuda para as populações de Gaza e Cisjordânia daqui até o final do ano. COM AFP

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