As forças do Paquistão resgataram cinco crianças que ficaram presas em um teleférico no norte do país a 275 metros de altura. Duas crianças e um adulto seguem no teleférico e as autoridades suspenderam as operações nesta terça-feira, 22, por conta da falta de claridade.
Os passageiros ficaram presos durante horas, antes de equipes de resgate em helicópteros tentarem resgatá-los. Os menores usavam a cabine para ir à escola, situada do outro lado do vale, na província de Khyber Pakhtunkhwa. No meio do trajeto, a cabine ficou paralisada a mais de 300 metros de altitude, depois que um dos cabos do teleférico parou de funcionar.
De acordo com a Reuters, especialistas em cruzamento de cabos foram enviados pelos militares para a área remota ao norte de Islamabad e estão tentando resgatar as crianças uma a uma, transferindo-as para uma pequena plataforma ao longo do cabo.
“Pelo amor de Deus, ajude-nos”, afirmou Gul Faraz, o professor de 20 anos que está com as crianças na cabine, em entrevista por telefone à AFP.
A cabine parou de funcionar às 7h locais (23h em Brasília) e os passageiros que não foram resgatados estão na cabine há mais de 13 horas.
Resgate delicado
Um especialista alertou que o resgate foi “incrivelmente delicado” porque o vento gerado pelas hélices do helicóptero poderia enfraquecer ainda mais o cabo que está segurando o teleférico no ar. A equipe que conduz a operação falhou pelo menos quatro vezes.
De acordo com Tanveer Ur Rehman, um funcionário do governo regional, um soldado paquistanês desceu em um arnês para entregar comida, água e remédios para quem estava na cabine.
“É uma operação delicada que exige uma precisão meticulosa”, explicou Rehman. O helicóptero não pode chegar muito perto da cabine, pois, com o ar gerado, pode quebrar a única corrente que sustenta o teleférico.
“Toda vez que o helicóptero levou o socorrista perto do teleférico, o vento provocado pelo helicóptero balançava e desequilibrava a cabine, o que fazia as crianças chorarem”, afirmou Ghulamullah, presidente do vale de Allai, onde ocorreu o acidente.
As operações paralisaram o país, que acompanharam os resgates pela televisão direto de escritórios, lojas, restaurantes e hospitais.
O brigadeiro aposentado do Exército do Paquistão e especialista em defesa, Tipu Sultan, afirmou que os helicópteros poderiam tornar a situação pior, mas comandantes paquistaneses afirmaram que os pilotos estavam voando “cuidadosamente”.
Em entrevista ao canal de televisão local “Geo News”, o professor que seguia na cabine com as duas crianças que não foram resgatadas afirmou que os alunos têm entre 10 e 15 anos e que um dos alunos de 15 anos desmaiou de ansiedade.
Meio de transporte
Os teleféricos são frequentemente usados pelas regiões montanhosas do Paquistão. Mas muitos são mal conservados, fazendo com que acidentes deste tipo no Paquistão sejam recorrentes.
O primeiro-ministro do Paquistão, Anwaar-ul-Haq Kakar, escreveu no X, o antigo Twitter, que ele ordenou às autoridades “assegurar urgentemente um resgate seguro e a transferência das oito pessoas”. “Eu também instruí as autoridades a conduzir inspeções de segurança de todos esses teleféricos privados e garantir que sejam seguros para operar e usar”, disse ele na plataforma.
Em 2017, 10 pessoas morreram quando um teleférico despencou de centenas de metros de altura e caiu em no popular resort de Murree, nas montanhas, depois que o cabo do veículo rompeu./Associated Press e AFP