PUBLICIDADE

Para entender: Alternativa para a Alemanha, o partido de extrema-direita no Bundestag

Fundado em 2013, o AfD obteve uma vitória histórica nas eleições, mas precisa resolver as divergências internas para conseguir se estabelecer com uma força de oposição

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

BERLIM - A chanceler alemã, Angela Merkel, conseguiu garantir seu quarto mandato nas eleições do dia 23. Apesar da vitória, cerca de 6 milhões de alemães depositaram seu voto em um partido de extrema direita: o Alternativa para a Alemanha (AfD). Conheça mais sobre esse grupo abaixo.

O Alternativa para a Alemanha (AfD) foi fundado em 2013 por um grupo de conservadores de elite Foto: AFP PHOTO / STEFFI LOOS

PUBLICIDADE

Origens

O Alternativa para a Alemanha foi fundado em 2013 por um grupo de conservadores de elite, muitos deles haviam crescido em meio aos membros da União Democrata-Cristã (CDU), partido liderado por Merkel. Eles estavam frustrados com o que viam como uma mudança de rumo das políticas, que estariam se encaminhando mais para o centro. Em 2015, após a chegada de quase 1 milhão de imigrantes à Alemanha procurando asilo, o AfD focou em segurança doméstica e imigração. Sua retórica se tornou cada vez mais nacionalista, populista e até mesmo, segundo alguns críticos, racista.

Liderança

Frauke Petry, de 42 anos, tem assumido a liderança do partido, mas recentemente rompeu com vários membros. Na segunda-feira 25, ela anunciou que não assumiria o assento no Parlamento que lhe seria atribuído em razão da radicalização do partido. Alexander Gauland, ex-membro da CDU, é um dos líderes do AfD. Ele questiona, por exemplo, a existência de um monumento aos judeus mortos durante o Holocausto construído no centro de Berlim e defende que os alemães devam se orgulhar das conquistas militares da Alemanha na 2.ª Guerra.

+ Gilles Lapouge: Populistas no Bundestag

Posicionamento

Publicidade

Os membros do AfD prometem restaurar a lei e a ordem e um senso de orgulho nacional na Alemanha. Após os resultados da eleição, manifestantes criticaram a retórica nacionalista do partido. O grupo também prometeu aumentar a segurança nas fronteiras, recuar contra a integração da União Europeia, e se opor ao uso do dinheiro dos contribuintes alemães para resgatar bancos estrangeiros. O AfD chega a se aproximar do sentimento anti-islâmico, rejeitando a linguagem usada por Merkel e ex-presidentes, e dizendo que uma religião que não respeita a Constituição e as leis do país não é compatível com a democracia alemã.

Apoiadores

Dos cerca de 6 milhões de votos que o Alternativa para a Alemanha ganhou no domingo, resultados preliminares mostraram que 1,2 milhões deles vieram de eleitores que não haviam participado das últimas eleições. Contudo, outro 1 milhão resolveu se afastar do bloco da chanceler, incluindo muitos partidários da União Social Cristã - partido irmão da União Democrata-Cristã.

Desafios

O AfD surgiu como o terceiro maior partido do Parlamento alemão, com 94 dos 709 assentos. É improvável que ele lidere a oposição, já que esse papel caberá ao segundo colocado nas eleições, o Partido Social-Democrata (SPD), que havia formado uma coalizão com o grupo de Merkel após as últimas eleições nacionais, mas disse que não o faria mais. Quão forte o AfD se tornará ainda dependerá em grande parte se ele conseguirá manter seus membros unidos. Pouco depois da vitória nas eleições parlamentares, algumas divergências já começaram a surgir. Será preciso colocar a casa em ordem se o AfD quiser se tornar uma força de oposição. / NYT

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.