BOGOTÁ - A paz com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) "não será suficiente para acabar com a violência na Colômbia", um esforço que "levará décadas", afirmou nesta quinta-feira, 9, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Em 2016, "apesar da incontestável melhoria da situação humanitária", a organização "documentou 838 possíveis infrações do Direito Internacional Humanitário (DIH) e outros princípios humanitários que afetaram mais de 18.600 pessoas", afirmou o CICV em seu relatório anual.
Essas infrações, que em 40% dos casos prejudicaram mulheres e menores, são violações às normas de proteção à população civil e incluem nos casos mais graves deslocamento, violência sexual, homicídios ou tortura.
Diante deste panorama, o chefe do CICV na Colômbia, Christoph Harnisch, convocou o governo colombiano a "aumentar o nível de ambição" e implementar "de maneira pronta e eficaz" o "histórico" pacto com as Farc fechado em novembro de 2016 para superar mais de meio século de conflito armado.
No entanto, a organização advertiu que colocar em andamento os pontos negociados durante quatro anos em Havana, Cuba, não bastará para encerrar a violência, embora o texto destaque que o cessar-fogo bilateral em vigor desde agosto de 2016 permitiu que "a situação em muitas partes" tenha "melhorado significativamente". "Construir um país em paz requer o esforço de todos e levará décadas", disse.
O CICV, presente na Colômbia há 40 anos, considera que a violência "que não para" se manifesta em ambientes urbanos, em confinamentos de população civil em zonas rurais controladas por grupos armados, e se traduz em ameaças, deslocamentos forçados e situações de fogo cruzado. /AFP