Paz com as Farc não acaba com a violência na Colômbia, diz Cruz Vermelha

Em relatório anual, organização fala em 'incontestável melhoria da situação humanitária', mas ressalta que esforço para encerrar atos violentos 'levará décadas'

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Por Redação
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BOGOTÁ - A paz com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) "não será suficiente para acabar com a violência na Colômbia", um esforço que "levará décadas", afirmou nesta quinta-feira, 9, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).

Alto comissário para a Paz, Sergio Jaramillo, cumprimenta guerrilheiros em Pondores, Guajira Foto: Efe

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Em 2016, "apesar da incontestável melhoria da situação humanitária", a organização "documentou 838 possíveis infrações do Direito Internacional Humanitário (DIH) e outros princípios humanitários que afetaram mais de 18.600 pessoas", afirmou o CICV em seu relatório anual.

Essas infrações, que em 40% dos casos prejudicaram mulheres e menores, são violações às normas de proteção à população civil e incluem nos casos mais graves deslocamento, violência sexual, homicídios ou tortura.

Diante deste panorama, o chefe do CICV na Colômbia, Christoph Harnisch, convocou o governo colombiano a "aumentar o nível de ambição" e implementar "de maneira pronta e eficaz" o "histórico" pacto com as Farc fechado em novembro de 2016 para superar mais de meio século de conflito armado.

No entanto, a organização advertiu que colocar em andamento os pontos negociados durante quatro anos em Havana, Cuba, não bastará para encerrar a violência, embora o texto destaque que o cessar-fogo bilateral em vigor desde agosto de 2016 permitiu que "a situação em muitas partes" tenha "melhorado significativamente". "Construir um país em paz requer o esforço de todos e levará décadas", disse.

O CICV, presente na Colômbia há 40 anos, considera que a violência "que não para" se manifesta em ambientes urbanos, em confinamentos de população civil em zonas rurais controladas por grupos armados, e se traduz em ameaças, deslocamentos forçados e situações de fogo cruzado. /AFP

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