Perfil: Édouard Philippe, premiê francês de reputação moderna e brilhante

Ex-militante do socialismo moderado, o novo primeiro-ministro escreveu crônicas sobre a campanha eleitoral francesa para o jornal 'Libération' e disse que Macron ‘deverá transgredir’ e ‘construir uma maioria de um novo tipo’

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Por Redação
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PARIS - Édouard Philippe, de 46 anos, designado nesta segunda-feira, 15, como primeiro-ministro da França pelo novo presidente, Emmanuel Macron, ganhou a reputação de líder moderno e brilhante como prefeito de Havre, mas é pouco conhecido pelo restante dos franceses.

Deputado pelo partido Republicanos e pertencente ao círculo do ex-primeiro-ministro conservador Alain Juppé, alguns lhe atribuem o mesmo estilo, às vezes seco e cortante, de seu mentor.

Édouard Philippe, de 46 anos, foi prefeito de Havre, mas ainda é pouco conhecido pelo restante dos franceses Foto: AP Photo/Francois Mori

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Acompanhou Juppé como diretor-geral do partido UMP (antecessor do Republicanos) desde 2002. Em 2010, sucedeu Antoine Rufenacht como prefeito de Havre, antes de ser eleito deputado em 2014 nesta cidade, que esteve administrada pelos comunistas até 1995. "Está muito apegado a Havre, seu pai era estivador", conta um de seus amigos.

Após a derrota de Juppé nas eleições internas da direita, em 2016, o deputado e prefeito optou por se dedicar mais à cidade do que ao Parlamento, dentro do qual tem pouco protagonismo.

O ex-militante do socialismo moderado liderado por Michel Rocard escreveu, a partir de janeiro, crônicas sobre a campanha eleitoral para o jornal de esquerda Libération. Macron "deverá transgredir, sair do enfrentamento velho, cultural, institucionalizado e confortável da oposição direita-esquerda, para construir uma maioria de um novo tipo", escreveu Philippe em uma destas crônicas.

O perfil de Édouard Philippe se assemelha ao do próprio Macron: estudos no Instituto de Ciências Políticas, e boas qualificações na Escola Nacional de Administração (ENA), que formam as elites dirigentes na França.

Foi funcionário de alto escalão no Conselho de Estado e trabalhou por alguns anos em um escritório de advocacia anglo-saxão, antes de atuar na empresa de energia nuclear Areva. Philippe fala alemão, é casado e tem três filhos.

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Oscilações. A oposição comunista de Philippe em Havre diz que há semelhanças entre ele e Macron, e critica suas "idas e vindas entre direita e esquerda". "Estas pessoas escolhem em função das oportunidades" sua orientação política, afirma.

"Inteligente, de espírito vivaz, às vezes um pouco louco", detalha um ex-colaborador sobre Philippe, descrevendo-o como seguro, mas cortante. "É muito moderno em sua forma de trabalhar", diz uma pessoa próxima, que também elogia sua fidelidade e lealdade.

Em um livro sobre Juppé, a jornalista francesa Gaël Tchakaloff esboçou um retrato negativo de Philippe, a quem atribui "arrogância, excesso de confiança em si mesmo e ambição desmedida". "Um audacioso, cuja ousadia é contida apenas por suas ambições", acrescentou ela. / AFP

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