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Policiais protestam  em Paris e Marselha

Sobrecarregados após um ano de estado de emergência e criticados por parte da opinião pública, agentes realizam manifestações inéditas na França

Por Andrei Netto Correspondente e Paris 
Atualização:

Policiais da França realizaram nesta quarta-feira, 2, em Paris e Marselha, manifestações contra o governo de François Hollande e os sindicatos que os representam, que fecharam acordo na semana passada pela melhoria das condições de trabalho. Criticados por parte da opinião pública, os policiais afirmam que estão esgotados pelas exigências do estado de emergência, que vigora desde novembro, após os atentados de Paris e Saint-Denis. 

As forças de ordem reivindicam mais equipamentos, penas mais severas para agressores de policiais e a revisão das regras de legítima defesa. Os protestos tiveram início no dia 17, mas, ao contrário da expectativa do governo, não se reduziram após o acordo com os sindicatos. Hoje, centenas de policiais se reuniram em frente ao Museu do Louvre, em Paris, para reclamar melhores condições de trabalho. 

Policial mascarado durante protesto em frente ao Louvre Foto: REUTERS/Christian Hartmann

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“Queremos ser recebidos pelo governo. Continuaremos até que sejamos ouvidos”, afirmou um dos manifestantes em um megafone. À tarde, uma nova manifestação foi realizada em Marselha, no sul do país.

A mobilização é inédita na França porque o estatuto dos policiais impõe restrições à realização de protestos. Quando em serviço, os agentes são proibidos de participar de manifestações. Por isso, a maior parte das concentrações é à noite – mesmo assim, boa parte dos policiais cobre os rostos para evitar sanções. A preocupação não impediu que seis manifestações já tenham sido feitas em Paris.

Diante da mobilização, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, reuniu sindicatos da categoria na semana passada e apresentou um plano de € 250 milhões para aliviar a pressão. O dinheiro seria usado na renovação de equipamentos, blindagem de veículos, medidas que se somaram ao aumento de pena para agressões contra forças de ordem – que passarão de seis meses a um ano de prisão. Outro combustível na insatisfação foi a ação da Corregedoria, que passou a punir agentes por participarem das manifestações. 

“Como denunciante, eu considero inadmissível ser ameaçado de sanção como está sendo feito atualmente”, afirmou Guillaume, como se apresenta o porta-voz do movimento. “O objetivo é sufocar o movimento e nos desencorajar de continuar.”

A indignação dos policiais explodiu no dia 8, quando uma viatura com dois agentes foi atacada com um coquetel Molotov na cidade de Viry-Châtillon, na Grande Paris, ferindo com gravidade um dos ocupantes do veículo. Dez dias depois, o diretor da Corregedoria de Polícia, Jean-Marc Falcone, classificou o movimento como “inaceitável”, abrindo as primeiras investigações sobre os manifestantes. 

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