Porta-aviões dos EUA que deveria ameaçar Coreia do Norte navegou no sentido oposto, diz imprensa

Casa Branca declarou ter enviado um porta-aviões para dar uma grande demonstração de força e ampliar as possibilidades do presidente Donald Trump responder ao comportamento provocativo de Pyongyang

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Atualização:

WASHINGTON - Assim que se acentuaram, na semana passada, as preocupações de que a Coreia do Norte pudesse conduzir um novo teste de míssil, a Casa Branca declarou ter enviado um porta-aviões americano para o Mar do Japão/Mar do Leste para dar uma grande demonstração de força e ampliar as possibilidades do presidente Donald Trump responder ao comportamento provocativo de Pyongyang. Nesta terça-feira, a imprensa americana revelou que o porta-aviões está, na verdade, navegando no sentido contrário. 

Foto de março mostrou o porta-aviões Carl Vinson navegando pelo Mar do Sul da China Foto: US Navy

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Segundo o New York Times, o porta-aviões Carl Vinson e quatro outros navios de guerra estavam se afastando da Península da Coreia para se juntar à Marinha da Austrália e participar de exercícios conjuntos no Oceano Índico, a 5,6 mil quilômetros ao sul da região. 

Fontes da Casa Branca disseram nesta terça-feira que elas haviam confiado em uma orientação do Departamento de Defesa. Essas fontes descreveram uma atrapalhada sequência de eventos, desde um anúncio prematuro sobre o despacho por militares do Comando Pacífico até uma explicação errônea do secretário de Defesa, Jim Mattis. Tudo isso contribuiu para perpetuar a falsa narrattiva de que uma armada americana estava navegando rumo às águas da Coreia do Norte. 

Quando a Casa Branca foi questionada sobre o Carl Vinson, no dia 11, sua chegada iminente foi escancarada nas primeiras páginas do Leste Asiático, alimentando temores de que Trump estivesse considerando um ataque militar preventivo contra Pyongyang. 

Imediatamente, isso foi colocado como mais uma evidência do estilo abrupto do presidente dois dias após ele ordenar um ataque com mísseis contra uma base militar síria enquanto recebia o presidente da China, Xi Jinping, em seu clube particular na Flórida. 

A saga do porta-aviões talvez nunca tivesse sido revelada se a Marinha americana não tivesse postado uma fotografia do Carl Vinson, nesta segunda-feira, navegando pelo Estreito de Sunda, que separa as ilhas indonésias de Java e Sumatra. A fotografia foi tirada no sábado, quatro dias após o secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, descrever sua missão no Mar do Japão. 

O Carl Vinson está agora num curso rumo ao norte, à Península da Coreia, e a expectativa é de que ele chegue à região em algum momento da próxima semana, afirmou uma fonte do Departamento de Defesa. A Casa Branca não quis comentar sobre o mal-entendido e direcionou todas as questões para o Pentágono. 

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Reservadamente, no entanto, alguns integrantes do governo demonstraram perplexidade pelo fato de o Pentágono não ter corrigido os episódios, particularmente considerando as tensões que emergiram na região e ao fato de Spicer, assim como o conselheiro de Segurança Nacional, general H.R. McMaster, estarem respondendo publicamente a perguntas sobre o porta-aviões. / The New York Times 

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