LISBOA - O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, fez um apelo direto aos eleitores britânicos nesta segunda-feira, 20, pedindo para que votem pela permanência na União Europeia (UE) em um referendo na quinta-feira, e disse que a saída vai enfraquecer não só a Europa, mas também o mundo ocidental.
"Gostaria de apelar a todos os cidadãos britânicos, em nome, sei disso por um fato, de quase todos os europeus e líderes europeus: fiquem conosco", disse o ex-premiê polonês, que preside as cúpulas da UE, durante visita a Portugal.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, pediu nesta segunda-feira aos membros do Parlamento para "unirem-se contra o ódio que matou" a deputada trabalhista Jo Cox, durante uma homenagem solene a três dias do referendo sobre a permanência do país na UE.
"Vamos honrar a memória de Jo provando que a democracia e a liberdade pelas quais ela lutava são inabaláveis, continuando a lutar pelos nossos cidadãos e unidos contra o ódio que a matou", disse Cameron perante o Parlamento reunido em sessão especial.
O líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, com uma rosa branca na lapela como todos os deputados, pediu que a vida política seja "mais gentil". "Todos nós temos a responsabilidade de não incitar ao ódio ou semear a divisão", argumentou, enquanto o marido de Jo Cox e seus dois filhos de 3 e 5 anos estavam na Câmara dos Comuns.
Comprometida na campanha pela permanência na UE, Jo Cox foi morta na quinta-feira em Birstall, no norte da Inglaterra, a tiros e facadas. Seu assassino compareceu no sábado ante o tribunal e declarou: "Morte aos traidores, liberdade para o Reino Unido."
Reações. O líder do partido antieuropeu UKIP, Nigel Farage, denunciou que os partidários do bloco europeu estão tentando vincular a morte de Cox à campanha.
"Acredito que há partidários da permanência na UE que estão tentando dar a impressão de que este horroroso incidente isolado está relacionado de algum modo com os argumentos feitos durante a campanha por mim ou Michael Gove, e isto é ruim", disse Farage à rádio LBC, um dia depois de admitir que o assassinato de Cox freou o avanço do Brexit.
"Quando se utilizam da insegurança, medo e ira como armas, a explosão é inevitável", reagiu o deputado trabalhista Neil Kinnock sobre o cartaz de Farage apresentando uma fila de refugiados como uma ameaça ao Reino Unido.
A escritora britânica J.K. Rowling também utilizou o cartaz polêmico para pedir o voto a favor da UE, argumentando: "Não sou uma especialista em quase nada, mas sei como se cria um monstro".
Sayeeda Warsi, que foi presidente do Partido Conservador, anunciou que mudou de opinião e votará a favor da permanência no bloco. Ela alegou estar cansada do que chamou de "mentiras e xenofobia" da campanha Brexit, e afirmou que o que provocou sua decisão foi o cartaz de Farage.
A primeira pesquisa divulgada depois da brutal morte da deputada trabalhista mostra a opção favorável à permanência com 45% das intenções de voto, contra 42% para os defensores da saída. A média das últimas seis pesquisas elaboradas pelo instituto de opinião What UK Thinks mostra um empate, com 50% para os dois lados, sem levar em consideração os indecisos. /Reuters e EFE
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