PORTO PRÍNCIPE - O presidente do Haiti, Michel Martelly, está determinado a deixar o cargo no primeiro dia do carnaval haitiano, em duas semanas, mesmo que ainda não haja um substituto para ele, disse o primeiro-ministro do país na segunda-feira 25, o que torna provável a formação de um governo interino para realizar novas eleições.
O segundo turno da eleição presidencial haitiana estava marcado para o domingo 24, mas a disputa entre os dois principais candidatos foi adiada indefinidamente depois que o candidato da oposição Jude Celestin se recusou a participar da disputa, alegando fraudes no primeiro turno.
"Não está claro que não vamos ter eleições antes da saída do presidente Michel Martelly, marcada para 7 de fevereiro", disse o premiê Evans Paul.
O coordenador especial dos Estados Unidos para o Haiti, Kenneth Merten, disse que Washington gostaria de ver a realização rápida de novas eleições e se opõe a um período longo de transição, embora reconheça ser improvável que Martelly transfira a faixa presidencial para seu sucessor. "Realisticamente falando, podemos considerar algum tipo de solução temporária até que ocorra a posse de um novo presidente eleito. Nosso temor é que entremos numa situação sem hora para acabar. Em nossa análise, esse é um lugar perigoso para se entrar", afirmou Merten.
Os partidos de oposição querem que Martelly deixe o poder em 7 de fevereiro, como estabelecido pela Constituição do país, embora alguns membros do partido do presidente desejem que ele permaneça no cargo e supervisione a realização das eleições até que seu mandato de cinco anos se encerre, em maio.
O governo e os líderes da oposição discutem que tipo de governo interino seria criado para comandar o país até a escolha de um novo presidente. Uma opção é que o primeiro-ministro assuma o poder.
O Haiti é o país mais pobre do Ocidente e não tem sido capaz de construir uma democracia estável desde a deposição da ditadura da família Duvalier (1957-1986) e subsequentes golpes e fraudes eleitorais. /REUTERS