Primeiros caças F-16 fabricados nos EUA são enviados à Ucrânia em meio a novas promessas da Otan

Após liberação de Biden em 2023, primeiros jatos estão sendo transferidos pela Holanda e Dinamarca; Putin declarou em março que aeronaves seriam ‘destruídas’ pela Rússia

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Por Redação
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Os países membros da Otan anunciaram nesta quarta-feira, 10, que começaram a enviar os primeiros caças F-16 de fabricação americana para a Ucrânia. O envio das aeronaves, há muito tempo demandado por Kiev e considerado uma afronta grave pela Rússia, acontece em meio a anúncios de novas promessas de ajuda em defesa dos Estados Unidos e dos países membros da aliança militar.

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Os primeiros jatos prontos para voar estão sendo transferidos pela Holanda e Dinamarca, e a Casa Branca disse que eles estariam “voando nos céus da Ucrânia” ainda neste verão (do Hemisfério Norte). Não ficou claro quantos caças F-16 farão parte desta primeira leva de entrega. Segundo a Otan, Bélgica e Noruega também se comprometeram a doar outras aeronaves.

A expectativa é que a Ucrânia tenha 85 caças F-16 em campo para enfrentar a Rússia, segundo o The Guardian. Os países membros da Otan tem oferecido, além das próprias aeronaves de combate, uma série de treinamentos de pilotos, armas e apoio logístico. Seis países, incluindo os Estados Unidos, estão treinando soldados ucranianos nos F-16, mas as autoridades não divulgaram números precisos de militares envolvidos nas capacitações.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que está em Washington, afirmou que estes aviões aproximam o país “de uma paz justa e duradoura”. Ele disse que a Ucrânia precisava de mais de 100 caças para começar a conter os ataques aéreos russos, afirmando que Moscou está usando 300 jatos para realizar esses ataques.

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O anúncio desta quarta-feira coincide com outras duas declarações sobre aumento de apoio para a Ucrânia no combate contra a Rússia. Na terça-feira, 9, Joe Biden anunciou, junto de aliados da Otan, o envio de sistemas de defesa aéreo — incluindo quatro sistemas Patriot — para Kiev. Já nesta quarta-feira, os líderes da Otan prometeram, durante uma cúpula em Washington, fornecer pelo menos 40 bilhões de euros (R$ 232 bilhões) em ajuda militar para a Ucrânia no próximo ano.

Tomados em conjunto, os anúncios parecem projetados em parte para capturar a atenção da Rússia. Após a divulgação do envio de sistemas de defesa aérea, Anatoly Antonov, embaixador de Moscou em Washington, criticou o apoio ocidental à Ucrânia, dizendo que a cúpula da Otan “reafirmou a natureza agressiva da aliança”.

“Cheios de desespero devido à sua incapacidade de derrotar a Rússia com a ajuda da Ucrânia a servir de aríete, os Estados-membros da Otan seguem cegamente o caminho da escalada e, de fato, estão preparando o caminho para a 3ª. Guerra Mundial”, disse Antonov em um comunicado no Telegram.

Caça F-16 pousa em uma base aérea turca. Países da Otan anunciaram nesta quarta-feira, 10, que enviarão as primeiras aeronaves do tipo, de fabricação americana, para a Ucrânia. Foto: AP/Burhan Ozbilici, Arquivo

O envio dos caças F-16 para a Ucrânia deve ser um motivo adicional de irritação à Rússia, que considera a ação como uma intromissão direta da Otan na guerra. Em março, o presidente Vladimir Putin disse que os caças F-16 seriam um alvo legítimo para a Rússia se fossem usados contra tropas russas a partir de campos de aviação em países terceiros.

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Os F-16 exigem um alto padrão de pistas e hangares reforçados para protegê-los de ataques de bombardeio quando estão no solo. Não está claro quantas bases aéreas ucranianas podem atender a esses requisitos.

Na época, Putin insistiu que os F-16 “não mudarão a situação no campo de batalha”. “Destruiremos seus aviões de guerra assim como destruímos seus tanques, veículos blindados e outros equipamentos, incluindo lançadores múltiplos de foguetes”, disse o presidente russo, que também levantou a preocupação de que os caças poderiam ser usados para transportar armas nucleares, ampliando a ameaça vista do ponto de Moscou.

“Os F-16s são capazes de transportar armas nucleares, e também precisaremos levar isso em consideração ao organizar nossas operações de combate”, disse Putin, em março.

Longa espera

O envio acontece mais de um ano depois de a Casa Branca autorizar que aliados da Otan enviassem os caças F-16 de fabricação americana para a Ucrânia. Por mais de um ano, os Estados Unidos hesitaram em enviar os caças de combate para a Ucrânia, que, temia o governo Biden, poderiam ser usados para atacar o território russo. Além disso, com mísseis modernos e um radar poderoso capaz de detectar alvos a centenas de quilômetros de distância, o F-16 contém sistemas classificados e outros altamente restritos que os EUA não queriam deixar cair em “mãos erradas”.

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Líderes europeus haviam sinalizado a disposição de fornecer F-16 de seus próprios estoques e treinar pilotos ucranianos em seu uso, mas o governo Biden havia rejeitado a ideia até finalmente ceder em maio de 2023.

O anúncio do envio pela Otan acontece depois que um grupo relativamente pequeno de pilotos ucranianos concluiu o treinamento com conselheiros dos Estados Unidos na Base da Guarda Aérea Nacional de Morris, no Arizona, em maio, e passou para instruções adicionais na Europa.

O Major Gen. Patrick Ryder, um porta-voz do Pentágono, disse na semana passada que mais de uma dúzia de pilotos ucranianos estão treinando na Dinamarca e nos Estados Unidos, com instruções adaptadas dependendo de suas habilidades individuais com aviação e com a língua inglesa. Autoridades ucranianas reclamaram que o ritmo deu à Rússia tempo suficiente para mirar na infraestrutura civil sem oposição.

Kiev disse que precisa desesperadamente da aeronave para combater o uso de bombas planadoras pela Rússia, uma das armas de Moscou que devastaram as forças ucranianas ao longo da linha de frente. As armas da era soviética são quase impossíveis de interceptar uma vez lançadas, disseram autoridades ucranianas, sugerindo que o F-16 permitiria que suas forças derrubassem os aviões que carregam as bombas ou os empurrassem para mais longe do território ucraniano.

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A necessidade dos caças foi ressaltada novamente esta semana, após ataques que mataram pelo menos 37 pessoas e que incluíram um ataque a um hospital infantil em Kiev.

Os F-16s podem ser usados para reforçar a capacidade da Ucrânia de atingir instalações russas com ataques de mísseis de longo alcance. A contraofensiva da Ucrânia no ano passado foi insuficiente em parte porque ocorreu sem cobertura aérea, colocando suas tropas à mercê da aviação e artilharia russas.

Mais sistemas Patriot a caminho

Além dos caças-F16 e da promessa de 40 bilhões de euros, os EUA e uma série de outros aliados da Otan disseram que enviarão à Ucrânia cinco de sistemas de defesa aérea nos próximos meses, incluindo pelo menos quatro dos poderosos sistemas Patriot que Kiev tem buscado desesperadamente para ajudar a combater os avanços russos na guerra, de acordo com um novo acordo conjunto.

De acordo com a declaração conjunta divulgada na terça-feira, os EUA, a Alemanha e a Romênia enviarão à Ucrânia baterias Patriot adicionais, enquanto a Holanda e outros fornecerão componentes Patriot para compor mais uma bateria. A Itália fornecerá um sistema de defesa aérea SAMP-T.

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Outros aliados, incluindo Canadá, Noruega, Espanha e Reino Unido, fornecerão uma série de outros sistemas que ajudarão a Ucrânia a expandir sua cobertura. Esses sistemas incluem NASAMS, HAWKs, IRIS T-SLM, IRIS T-SLS e Gepards. E outras nações concordaram em fornecer munições para esses sistemas.

Os Estados Unidos já enviaram à Ucrânia dois sistemas de mísseis Patriot — um no final do ano passado e, de acordo com autoridades dos EUA, outro no mês passado. E o principal órgão de defesa da Romênia disse no final do mês passado que o país doaria um sistema de mísseis Patriot para a vizinha Ucrânia.

Vários aliados europeus têm relutado em abrir mão de seus sistemas de defesa aérea, pois também se preocupam com possíveis ameaças da Rússia./Washington Post, AFP e AP.

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