Putin adia reforma constitucional e aconselha russos a ficarem em casa

Em um discurso transmitido pela TV, o chefe de Estado anunciou uma série de medidas de apoio ao poder de compra e às empresas para fazer frente à crise econômica provocada pela pandemia; país tem 658 casos

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Por Redação
Atualização:

MOSCOU - O presidente russo, Vladimir Putin, aconselhou nesta quarta-feira, 25,  os cidadãos russos a permanecerem em casa, além de decretar uma semana de suspensão das atividades e adiou a votação da sua reforma constitucional, tudo com o objetivo de frear a pandemia de coronavírus.  Reforma pode dar a ele a possibilidade de permanecer no poder até 2036.

Em um discurso transmitido pela TV, o chefe de Estado anunciou uma série de medidas de apoio ao poder de compra e às empresas para fazer frente à crise econômica provocada pela pandemia. 

Putin também declarou uma semana de suspensão das atividades de trabalho a partir da próxima segunda-feira como forma de frear a propagação do vírus. 

Cartazes em Moscou pedem para que russos se resguardem durante pandemia Moscou Foto: EFE/EPA/MAXIM SHIPENKOV

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Na última terça-feira, as autoridades reconheceram não ter uma "percepção clara" do avanço da doença. Nesta quarta, duas pessoas com coronavírus morreram em Moscou. 

Os hospitais, farmácias, bancos, supermercados e os transportes continuarão funcionando. 

O presidente pediu disciplina aos russos e lhes aconselhou a ficar em casa, ainda sem emitir uma ordem sobre o confinamento. Em todo o mundo, há 3 bilhões de pessoas em suas casas

"O que está acontecendo em inúmeros países ocidentais, tanto na Europa como no exterior, pode ser o nosso futuro imediato", alertou. 

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Putin também anunciou o adiamento sem previsão de uma data futura para o "voto popular", previsto para o próximo 22 de abril, que votaria uma reforma constitucional que lhe daria a possibilidade de permanecer no poder até 2036. "Avaliaremos como andará a situação (...) e depois decidiremos uma nova data", explicou o presidente russo. 

Economia sob pressão

Putin ressaltou que a economia russa está "sob forte pressão" por causa da pandemia e anunciou uma série de medidas sociais e econômicas. 

Entre outras coisas decretou a renovação automática de todos os auxílios e as prestações sociais por seis meses, suspensão do pagamento de empréstimos e um aumento do seguro desemprego. 

Para as empresas, por sua vez, o presidente anunciou o adiamento do pagamento de impostos e de créditos às pequenas e médias empresas durante seis meses para "ajudar a seguir com um trabalho sustentável, o que significa manter os empregos". 

"Nossa tarefa mais importante (...) é mantermos a estabilidade do mercado de trabalho e evitar que o desemprego aumente", afirmou Putin. 

A economia russa foi muito afetada pela crise mundial provocada pela pandemia, principalmente por causa da queda nos preços do petróleo e a consequente queda da moeda russa. 

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"O efeito (das medidas) será o contrário do que é necessário", diz o opositor, Alexei Nalvani no Twitter, e afirmou que a semana de confinamento será de "férias" para os russos, na qual continuarão saindo. 

Sem 'percepção clara'

O último discurso deste tipo de Putin ocorreu no verão de 2018, sobre uma criticada reforma do sistema de aposentadorias, que afetou a sua popularidade.  O alerta desta quarta-feira ocorreu após uma reunião sobre o novo coronavírus. 

Após a reunião, o presidente, usando uma roupa de proteção, visitou o hospital Komunarka, o principal centro médico que trata dos casos de covid-19.

Vladimir Putin visita hospital com pacientes em tratamento pelo coronavírus em Kommunarka Foto: Alexei Druzhinin, Sputnik, Kremlin Pool Photo via AP

Até o momento, o chefe de Estado tinha dito que a situação estava "sob controle" na Rússia, graças a medidas como o fechamento da grande fronteira do país com a China. 

O número oficial de casos na Rússia segue aumentando, ainda que seja menor em relação à situação da Europa Ocidental. Na última terça-feira, havia 495 pacientes e, nesta quarta, 658 .

Duas pessoas contaminadas morreram em Moscou, segundo anunciaram as autoridades da saúde no país, embora não tenham informado as causas exatas da morte. /AFP 

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