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Putin faz visita surpresa à cidade ucraniana de Mariupol em agenda de viagem após mandado de prisão

Cidade portuária está sob controle de Moscou desde maio de 2022 após um longo cerco na guerra

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Por Redação
Atualização:

O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma visita surpresa à cidade ucraniana de Mariupol na noite deste sábado, 19. Devastada por bombardeios, a cidade foi ocupada pelos russos após um longo cerco na guerra na Ucrânia e recebeu Putin pela primeira vez desde o início da invasão.

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A visita acontece após Putin visitar a Crimeia no nono aniversário da anexação russa da península e marca uma agenda de viagem do presidente russo pela Ucrânia após o Tribunal Penal Internacional expedir um mandado de prisão contra ele. A Rússia não reconhece o tribunal.

Putin chegou de helicóptero a Mariupol, no Donbas, e percorreu a cidade com um automóvel dirigido por ele mesmo, informou o Kremlin neste domingo, 19. Ele também visitou a recém-reconstruída filarmônica local, recebeu um informe sobre o trabalho de reconstrução de Mariupol e participou de uma reunião com membros do exército, acrescentou o Kremlin.

Imagem transmitira pela tv russa mostra presidente Vladimir Putin em visita surpresa a Maripol, ocupada pela Rússia desde maio de 2022 Foto: Cedida/via Associated Press

De acordo com as imagens transmitidas pela televisão estatal russa, a viagem ocorreu à noite. Nas imagens divulgadas, o presidente russo aparece nas ruas conversando com moradores. “Rezamos por você”, diz uma moradora, acrescentando que a cidade é “um pequeno paraíso”.

O assessor presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, criticou a visita surpresa do russo à cidade portuária. “O criminoso sempre retorna ao local do crime (...) o assassino de milhares de famílias de Mariupol veio admirar as ruínas da cidade e (suas) sepulturas. Cinismo e falta de remorso”, escreveu Podoliak no Twitter.

A Câmara Municipal de Mariupol, pertencente à Ucrânia, também informou sobre a viagem. “O criminoso internacional Putin visitou, à noite, a Mariupol ocupada, provavelmente para não ver, à luz do dia, a cidade assassinada por sua ‘libertação’”, escreveu a Câmara Municipal no Telegram.

Deportação de crianças ucranianas

Na sexta-feira, um painel de juízes do TPI pediu a prisão do presidente russo citando evidências de crimes de guerra, em razão da deportação em massa de crianças ucranianas para a Rússia.

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Kiev diz que mais de 16 mil menores foram sequestrados desde o início do conflito, em fevereiro de 2022. Muitos deles foram colocados em instituições e lares adotivos. O promotor do tribunal, Karim Khan, disse que Putin pode ser preso se pisar em qualquer um dos 123 países que ratificaram o Tratado de Roma e reconhecem a jurisdição da corte.

O Kremlin afirmou que não reconhece a jurisdição do TPI – o Tratado de Roma, que criou o tribunal, foi assinado pela Rússia, mas nunca foi ratificado. O mandado de prisão, portanto, segundo o governo russo, não afetaria Putin. No fim de semana, o presidente russo parece ter reforçado essa imagem, ao caminhar tranquilamente pelos territórios ocupados.

A situação de Putin, no entanto, não é a mesma desde que o TPI pediu sua prisão. Seu isolamento internacional aumentou. Neste domingo, a Alemanha disse que o presidente russo será preso se pisar no país. “Se ele entrar em território alemão, será preso e entregue ao TPI”, disse Marco Buschmann, ministro da Justiça.

O pedido internacional de prisão de Putin deixou o governo da África do Sul em uma saia-justa. O presidente russo tinha presença confirmada na cúpula do Brics, em agosto, na cidade de Durban.

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Neste domingo, Vincent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, admitiu que o país tem a obrigação legal de prendê-lo, mas deu a entender que a África do Sul encontrará um solução nos próximos cinco meses. “Nós, enquanto governo, estamos cientes de nossa obrigação legal. No entanto, entre agora e a cúpula, continuaremos engajados com as várias partes envolvidas.”

A visita colocaria Ramaphosa em uma posição difícil, mas longe de ser inédita. Em 2015, o Tribunal Penal Internacional considerou que a África do Sul violou sua obrigação de prender o então presidente do Sudão, Omar Bashir, durante uma cúpula da União Africana – na ocasião, Bashir havia sido indiciado por participação em genocídio na guerra civil sudanesa. / NYT, AP, EFE e AFP

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