Quem são os mercenários de Putin que estão lutando na Ucrânia?

As forças Wagner apareceram na Ucrânia presumivelmente para lutar ao lado das tropas russas na guerra de Putin

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Por Victoria Kim*
5 min de leitura

THE NEW YORK TIMES - A menos que você tenha estado no campo de batalha na Síria, Líbia ou na República Centro-Africana, provavelmente nunca ouviu falar do Grupo Wagner, uma força militar privada com laços estreitos com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

As forças Wagner apareceram na Ucrânia presumivelmente para lutar ao lado das tropas russas na guerra de Putin. No mês passado, o número de tropas Wagner no país mais do que triplicou para mais de 1.000. A presença deles na região leste conhecida como Donbas, que abriga grupos separatistas apoiados pela Rússia, levanta preocupações, dada a história do grupo.

Investigadores da ONU e grupos de direitos humanos dizem que as tropas atacaram civis, realizaram execuções em massa e saquearam propriedades privadas em zonas de conflito.

Comboio de soldados pró-Rússia rumo à Mariupol, na Ucrânia Foto: Alexander Ermochenko/Reuters

Como o Grupo Wagner começou?

A entidade surgiu pela primeira vez em 2014, durante a anexação da Crimeia pela Rússia. O governo dos EUA disse que a organização é financiada por Yevgeny V. Prigozhin, um empresário russo e um associado próximo de Putin. Ele tem sido chamado de “chef de Putin” por causa de seu empreendimento de refeições, que já organizou banquetes de Estado elaborados para o presidente.

Como o grupo recebeu esse nome?

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O grupo supostamente foi batizado com o nome de guerra de seu líder, Dmitri Utkin, um oficial militar russo aposentado. Diz-se que Utkin escolheu Wagner para homenagear o compositor, que era um dos favoritos de Hitler. Apesar da negação do Kremlin de qualquer ligação com Wagner, Utkin foi fotografado ao lado de Putin.

Onde o grupo está sediado?

O grupo não está registrado como pessoa jurídica em nenhum lugar do mundo. Mercenários são ilegais sob a lei russa. Sua existência sombria permite à Rússia minimizar suas baixas no campo de batalha e se distanciar das atrocidades cometidas por combatentes Wagner, dizem observadores.

“O grupo opera em uma situação de opacidade, há uma falta real de transparência e esse é o ponto”, disse Sorcha MacLeod, presidente do Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre o uso de mercenários, que examinou o grupo. Sua estrutura permite que eles tenham negação plausível e criem “distância entre o Estado russo e o grupo”, disse ela.

Russian President Vladimir Putin attends a concert marking the eighth anniversary of Russia's annexation of Crimea at Luzhniki Stadium in Moscow, Russia March 18, 2022. RIA Novosti Host Photo Agency/Alexander Vilf via REUTERS Foto: Alexander Vilf/Reuters

Por que os mercenários estão na Ucrânia?

Com a Rússia sofrendo pesadas perdas, de acordo com a inteligência dos EUA, Putin está enviando reforços experientes para a Ucrânia, segundo especialistas. “Esses soldados provavelmente serão usados como bucha de canhão para tentar limitar as perdas militares russas”, disse Jeremy Fleming, diretor da agência de vigilância eletrônica britânica.

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Onde eles recrutam?

Alguns dos combatentes parecem ter sido recrutados da Síria e da Líbia, disse o porta-voz do Pentágono, John Kirby. Ele disse que a Rússia parecia estar se voltando para eles para reforçar suas tropas no leste da Ucrânia, pois o grupo já teria experiência de combate na região de Donbas nos últimos oito anos.

Onde as forças de Wagner foram implantadas?

Além de seu envolvimento na Síria, Líbia, República Centro-Africana e Ucrânia, os agentes Wagner também lutaram no Sudão, Mali e Moçambique, exercendo influência russa por procuração, fazendo o comando de líderes autoritários e, às vezes, apreendendo campos de petróleo e gás ou assegurando outros interesses materiais. Cada vez mais, eles se tornaram mais formalizados e começaram a agir mais como empreiteiros militares ocidentais.

“Há uma tendência ou padrão em torno do que acontece quando Wagner está envolvido em um conflito armado”, disse MacLeod. “O conflito é prolongado, envolve armamento pesado, civis são impactados de forma substancial, violações de direitos humanos e crimes de guerra aumentam substancialmente e não há acesso à justiça para as vítimas.”

*Victoria Kim é correspondente do The New York Times sediada em Seul