Premiê da Escócia, primeiro muçulmano a ocupar cargo, renuncia após enfraquecimento de partido

Partido Nacional Escocês, do líder, atravessou um escândalo de financiamento de campanha no ano passado e conflitos sobre uma lei sobre a mudança de gênero, bloqueada pelo governo britânico

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Por Redação

O primeiro-ministro da Escócia, Humza Yousaf, renunciou nesta segunda-feira, 29, ao cargo, desencadeando uma disputa de liderança enquanto o Partido Nacional Escocês, no governo, tenta evitar eleições antecipadas.

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Yousaf, de 39 anos, pertence ao Partido Nacional Escocês (SNP), que foi enfraquecido por um escândalo de financiamento de campanha e divisões sobre os direitos dos transgêneros. Ele caiu após sua decisão de expulsar o Partido Verde da sua coligação governamental por diferenças sobre os objetivos das mudanças climáticas, sendo forçado a renunciar depois que isso o deixou incapaz de conseguir uma maioria no parlamento regional descentralizado da Escócia.

A superação das atuais divisões políticas “só pode ser feita por outra pessoa no comando”, afirmou em entrevista coletiva, acrescentando que permanecerá no cargo até que o seu sucessor seja nomeado. O Parlamento terá 28 dias para encontrar um novo primeiro-ministro.

Humza Yousaf, de 39 anos, anunciou que irá renunciar ao cargo primeiro-ministro da Escócia nesta segunda-feira, 29. Foto: Scottish Government Handout/EFE

Yousaf foi eleito líder do SNP, o Partido Nacional Escocês, em março de 2023, após a renúncia de Nicola Sturgeon. A renúncia de Sturgeon ocorreu durante uma investigação policial sobre acusações de que o partido havia utilizado indevidamente dinheiro doado para financiar um segundo referendo de independência.

O político, o primeiro líder muçulmano a liderar um grande partido político no Reino Unido, representou a continuidade em relação à sua antecessora e continuou defendendo a luta pela independência da Escócia, apesar da popularidade em queda do SNP.

Forte ascensão trabalhista

Yousaf, o líder mais jovem do SNP e que foi elogiado por suas capacidades de comunicação que poderiam unir o partido, não conseguiu virar a página do mandato de Sturgeon.

Os seus 13 meses no poder, em plena crise do custo de vida, foram marcados principalmente pelos confrontos com Londres. As disputas mais notórias giraram em torno de uma lei escocesa sobre a mudança de gênero, que foi bloqueada pelo governo britânico, da posição do Reino Unido no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas em Gaza e da autorização de um grande projeto petrolífero no Mar do Norte.

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O ano passado também foi particularmente difícil para o SNP, com uma investigação sobre suas finanças, nas quais Sturgeon foi interrogada pela polícia e seu marido, Peter Murrell, ex-diretor executivo do partido, foi acusado de peculato.

Além disso, o partido está ameaçado por uma forte ascensão do Partido Trabalhista na Escócia antes das eleições legislativas britânicas, que ainda não têm data, mas que devem ser marcadas antes do final de janeiro de 2025

Por outro lado, a sua luta pela autodeterminação escocesa está em um beco sem saída desde que o Supremo Tribunal britânico decidiu, no final de 2022, que apenas o governo britânico poderia autorizar um novo referendo. A última votação ocorreu em 2014 e o “não” à independência venceu com 55%.

O Governo escocês tem múltiplas competências, incluindo educação, saúde, justiça e meio ambiente. O governo britânico, com sede em Londres, mantém poderes em questões de defesa e política externa./AFP e Associated Press.

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