Rumsfeld se defende: plano da guerra é dos generais

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Por Agencia Estado
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Colocado na defensiva pelas críticas públicas que o general William S. Wallace, que comanda o 5º Corpo do Exército americano, e inúmeros oficiais da reserva fizeram nos últimos dias ao plano da guerra no Iraque, o secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, procurou tranqüilizar os americanos, nesta sexta-feira, reafirmando sua certeza no desfecho vitorioso do conflito. Mas suas declarações numa entrevista coletiva no Pentágono acabaram reforçando a impressão de que tensões que fermentam há meses entre o secretário da Defesa e seus generais foram agravadas pelo início surpreendentemente difícil da invasão do Iraque e as perspectivas de uma guerra prolongada. "Estamos na primeira semana disso e parece-me um pouco cedo para escrever a história (da guerra)", disse Rumsfeld. "O plano da guerra é um plano de Tom Franks", acrescentou, referindo-se ao chefe do Comando Central, que conduz a guerra a partir de seu quartel-general em Doha, numa aparente tentativa de distanciar-se da estratégia desenvolvida sob sua orientação. "(O plano) foi cuidadosamente preparado ao longo de muitos meses e foi discutido com os chefes (do Estado-Maior das Forças Armadas) em pelo menos quatro ou cinco ocasiões", disse. "Exatamente, mais vezes, mais vezes", interveio o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Richard Meyers. "(O plano) foi examinado pelos comandantes combatentes (alusão a Wallace) e passou pelo processo do Conselho de Segurança Nacional", disse o secretário de Defesa. "O General Meyers, o General (Peter) Pace (vice-chefe do Estado-Maior conjunto) e outros, incluindo minha pessoa, vimos uma variedade de diferentes versões (do plano)", continuou Rumsfeld. "Quando perguntados pelo presidente ou por mim, os oficiais militares que o examinaram disseram, todos, que eles achavam que era um plano excelente." Meyers reiterou que o plano é "brilhante". Mas a seguir o general afirmou que "nenhum plano de guerra, não importa quão perfeito, sobrevive ao primeiro contato" com o inimigo. Com a guerra aparentemente mal parada, as recriminações em Washington já começaram. Segundo informações atribuídas a "veteranos observadores republicanos" e pessoas com fontes no Pentágono e na comunidade de inteligência, militares advertiram nos últimos dias sobre os riscos de incompetência na Casa Branca e na liderança civil do Pentágono. Para essas mesmas fontes, uma matéria do repórter Seymour Hersh na última edição da revista New Yorker revelou apenas a ponta de escândalo muito mais grave do que o episódio Irã-Contras, que quase destruiu o governo Reagan, nos anos 80. As alegações envolvem informações "cozinhadas", declarações falsas feitas ao Congresso sobre inteligência, custo da guerra e avaliação da ameaça que o Iraque representaria para os EUA. Hersh é conhecido por ter boas fontes entre militares americanos. Sua mais recente denúncia, sobre contratos suspeitos que o ideólogo da extrema-direita, Richard Perle, um entusiasta da invasão, conseguiu como lobista, usando o cargo não remunerado de presidente da Comissão de Conselheiros do secretário da Defesa, já produziu o primeiro resultado. Sob pressão, Perle apresentou sua renúncia, na quinta-feira. Veja o especial :

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