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Ruptura dos EUA com Irã dá fôlego a premiê de Israel

Investigado por corrupção, Netanyahu ganha sobrevida após decisão de Trump de se retirar do acordo nuclear e sua popularidade sobe com ações militares israelenses na Síria

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Por Redação
Atualização:

JERUSALÉM - Investigado em três casos de corrupção e sob risco de perder apoio da base que sustenta seu governo, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ganhou uma sobrevida no cargo nos últimos dias. Com a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear com o Irã e a ação militar israelense contra forças iranianas na Síria, a popularidade de Netanyahu chegou a 58%.

Binyamin Netanyahu e sua mulher, Sara, lidam há tempos com acusações de gastos excessivos e uso questionável do dinheiro público Foto: REUTERS/Amir Cohen

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Desde o começo do ano, enquanto Netanyahu luta para se manter no cargo, a polícia israelense abriu três inquéritos para investigar evidências de corrupção, fraude, abuso de poder e tráfico de influência contra o primeiro-ministro. 

A tática de Netanyahu tem sido negar as acusações de corrupção e priorizar em sua agenda temas ligados à segurança de Israel e à política externa. Em 30 de abril, oito dias antes de Trump decidir sair do pacto, Netanyahu apareceu no horário nobre da TV israelense para falar por 20 minutos sobre o programa nuclear iraniano. Na semana seguinte, Israel continuou com ataques aéreos pontuais em posições militares iranianas na Síria.

Uma pesquisa divulgada ontem pelo Canal 2, de Israel, mostra que o partido de direita Likud, de Netanyahu, ganharia cinco vagas no Parlamento, chegando a 35 cadeiras na Knesset, fortalecendo sua posição em uma aliança governista – hoje o Likud tem 30 assentos.

A pesquisa mostrou que 58% dos entrevistados acham que Netanyahu deve seguir no cargo – há um mês, eram 50%. Além disso, 69% dos entrevistados concordam com a maneira como Netanyahu lida com o Irã e 59% disseram que a decisão de Trump de sair do acordo e impor sanções contra Teerã ajudaria a segurança de Israel. Segundo a enquete, 54% dos entrevistados temem um confronto militar com os iranianos. 

“Essa foi uma manobra política que Netanyahu construiu por meses, que agora está dando certo”, disse ao Estado Shlomo Avineri, professor de ciência política da Universidade Hebraica de Jerusalém. Segundo ele, parte dos israelenses “vê os casos de corrupção como perseguição política” a Netanyahu. 

As próximas eleições de Israel estão marcadas para novembro de 2019, mas Netanyahu poderia buscar uma votação antecipada para capitalizar o repentino aumento de sua popularidade. “A jogada pode dar certo, mas vai aprofundar a polarização em Israel, porque metade do país vai achar que as decisões políticas de Netanyahu estão contaminadas por seu interesse pessoal”, diz Avineri.

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Para Abraham Diskin, professor de ciência política da Universidade Hebraica, o imbróglio com o Irã seria “capaz de reerguer o apoio a qualquer governo, de esquerda ou de direita”. “O equilíbrio de poder entre blocos de direita e de esquerda vai continuar na Knesset, mesmo com mais cadeiras para o Likud”, afirmou Diskin. “Netanyahu, porém, está em vantagem e tem todas as cartas de que precisa na mão.” / REUTERS e NYT, COM RODRIGO TURRER

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