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Suíça confisca dinheiro de refugiados para custear hospedagem

Apesar do protesto de ONGs, ativos acima de US$ 1 mil são transferidos ao Estado em troca de um recibo nos centros de recepção; Dinamarca estuda implementar lei semelhante

Por Jamil Chade , Correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - Os refugiados que chegam às cidades suíças estão tendo seu dinheiro confiscado pelas autoridades sob a alegação de que precisam ajudar a pagar pelos custos da hospedagem. Qualquer ativo do refugiado acima de US$ 1 mil é levado pelo Estado, numa prática parecida ao que já começa a ser a realidade na Dinamarca. 

Percorrendo centenas de quilômetros e tendo de pagar até € 5 mil a grupos criminosos para que os levem da Turquia para a Europa, o pouco que resta nas mãos dos refugiados agora vai para os cofres de alguns dos países mais ricos do mundo. 

Se chegarem na Suíça com mais de US$ 1 mil, imigrantes terão dinheiro confiscado pelo governo Foto: AP Photo/Darko Vojinovic

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Ao chegar em território suíço, os refugiados recebem um formulário onde pode ser lido: "se você tiver uma propriedade com valor acima de US$ 1 mil quando chegar a um centro de recepção, você terá que abrir mão desses ativos financeiro em troca de um recibo". 

Apesar do protesto de ONGs, o governo suíço insiste que não vê nada de errado com a medida e alega que precisa financiar suas operações para a acolhida dos refugiados. Pela lei, os estrangeiros são obrigados a "contribuir sempre que possam" para o custo do processamento de seus pedidos de asilo e nas ajudas sociais. 

A regra também estabelece que se o refugiado optar por partir da Suíça durante os primeiros sete meses, ele recebe o dinheiro de volta. Até agora, os dados oficiais apontam que os suíços já coletaram US$ 210 mil. 

Mesmo aqueles que ganham o direito de ficar na Suíça com um visto de refugiados precisam colaborar. O estrangeiro ganha um prazo de dez anos para devolver US$ 15 mil aos cofres públicos da Suíça, valor estimado que foi gasto com ele. A cada ano, ele teria de abrir mão de 10% de seu salário. 

Já na Dinamarca, a proposta sob discussão é de que uma lei seja criada permitindo que o Estado confisque não apenas dinheiro, mas eventuais joias e bens dos refugiados para financiar sua acolhida. Para a ONU, a atitude pode dificultar a integração dos refugiados.

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