O Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII) condenou nesta quarta-feira a 27 anos de prisão o ex-presidente do parlamento dos sérvios da Bósnia, Momcilo Krajisnik, por crimes de guerra durante a Guerra da Bósnia (1992-1995). No entanto, a sentença absolveu Krajisnik das acusações de genocídio e cumplicidade em genocídio. Krajisnik, que foi o braço direito do líder servo-bósnio Radovan Karadzic - foragido da Justiça há mais de 10 anos -, era acusado de vários crimes cometidos contra muçulmanos e croatas da Bósnia durante o conflito. Krajisnik, de 61 anos, é o réu de mais alto escalão no TPII desde a morte, em março, do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic. Os juízes da primeira câmara do TPII consideraram Krajisnik culpado de acusações como extermínio, assassinato e deportação. Segundo a sentença, o réu desempenhou um papel "crucial" na morte e maus-tratos de croatas e muçulmanos da Bósnia, em uma tentativa de "reconstruir a composição étnica" das regiões do país habitadas por sérvios. Além disso, durante a leitura da decisão judicial foi lembrada a "brutalidade" com a qual foram perpetrados os crimes e citaram como exemplo a mutilação sexual de prisioneiros não-sérvios. A sentença considerou a "brutalidade e seriedade dos crimes, o sofrimento das vítimas e o tempo prolongado" de sua perpetração como fatores principais na hora de determinar a condenação de 27 anos de prisão. A promotoria tinha pedido prisão perpétua para Krajisnik, enquanto este se declarou inocente das acusações. Por outro lado, os juízes consideraram que as acusações de genocídio e cumplicidade de genocídio não foram provadas durante o julgamento, que começou em 3 de fevereiro de 2004. Segundo a sentença, o genocídio "não fez parte o tempo todo da intenção dos membros da empresa criminosa conjunta da qual Krajisnik fazia parte". Até agora, o único condenado por genocídio no TPII foi o ex-general servo-bósnio Radislav Krstic, sentenciado em 2001 a 46 anos de reclusão por seu papel no massacre de entre 7 e 8 mil homens e meninos muçulmanos após a tomada da cidade Bósnia de Srebrenica, em julho de 2001. Enquanto isso, o principal líder político dos sérvios da Bósnia na época, Radovan Karadzic, segue foragido da Justiça, assim como seu máximo chefe militar, Ratko Mladic.