WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou nesta sexta-feira, 13, o ex-diretor do FBI James Comeu de vazar informações secretas e afirmou que ele deveria ser processado por mentir ao Congresso quando depunha sob juramento.
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"James Comey é um VAZADOR e MENTIROSO comprovado. Virtualmente todos em Washington pensavam que ele deveria ser demitido pelo péssimo trabalho que fazia até que foi, de fato, despedido", escreveu o presidente em sua conta no Twitter.
"Ele vazou informações SECRETAS, motivo pelo qual deveria ser processado. Ele mentiu ao congresso sob JURAMENTO. Ele é fraco e... desprazerozamente falso, como o tempo provou, era um terrível diretor do FBI. Seu manejo do caso da desonesta Hillary Clinton, e os eventos em torno dele, entrarão para a história como um dos priores "trabalhos mal feitos". Foi uma grande honra demitir James Comey!", completou o republicano.
A mensagem furiosa do presidente americano coincidiu com a exibição pela emissora americana ABC do trecho de uma entrevista com Comey em que o ex-diretor fala sobre várias questões ocorridas nos quatro meses em que esteve à frente do FBI depois da posse de Trump.
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Comey disse que alertou o republicano sobre os riscos de ordenar uma investigação sobre alegações picantes de um dossiê de inteligência sobre uma viagem de Trump a Moscou em 2013 - o documento produzido pelo ex-agente de inteligência do Reino Unido Christopher Steele mencionava supostos laços de Trump com a Rússia e incluía alegações envolvendo prostitutas.
"Eu disse para ele: 'Sr. esta é uma decisão sua, mas você deve ser muito cauteloso sobre ela porque pode criar uma narrativa de que estamos lhe investigando pessoalmente e, além disso, é muito difícil provar que algo não aconteceu", explicou Comey ao programa matinal da ABC "Good Morning America".
Segundo esse documento, Trump ordenou que as prostitutas urinassem nos colchões da própria suíte presidencial do Hotel Ritz Carlton, onde o então presidente Barack Obama e a primeira-dama, Michelle, ficaram durante uma visita a Moscou.
O ex-diretor do FBI assegura em suas memórias que Trump lhe falou sobre este episódio das prostitutas e se referia como "a coisa da chuva dourada" em pelo menos quatro ocasiões ao longo do pouco mais de quatro meses de convivência.
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Trump sempre "negou as acusações, perguntando - de forma retórica, assumo - se ele parecia esse tipo de homem que necessita contratar prostitutas".
Ele também pediu ao FBI que investigasse o assunto para demonstrar que era falso, já que "ele estava preocupado que houvesse 'até mesmo um 1% de possibilidade' que sua mulher, Melania, pensasse que era verdade".
No entanto, na última das conversas, Trump teria perguntado o que podia fazer para "dissipar a nuvem" de um escândalo que estava sendo "muito doloroso" para sua esposa.
Mafioso
Comey, que foi demitido em maio de 2017 por Trump, está concedendo uma série de entrevistas para a imprensa americana para promover o lançamento, na próxima semana, de seu livro "A Higher Loyalty: Truth, Lies and Leadership" (Uma lealdade superior: verdades, mentiras e liderança, em tradução livre), uma óbvia referência à lealdade que o ex-diretor do FBI assegura que Trump lhe exigiu.
O ex-diretor do FBI também descreve seus encontros iniciais com o então novo presidente americano, a quem qualificou como volátil, defensivo e preocupado mais com sua imagem do que com a interferência russa na eleição presidencial de 2016.
Em suas memórias Comey também compara a liderança exercida na Casa Branca por Trump com o das organizações mafiosas que combateu em seus anos como promotor.
"O círculo silencioso de consentimento. O chefe em completo controle. Os juramentos de lealdade. A concepção do mundo de nós contra eles. A mentira sobre todas as coisas, grandes e pequenas, ao serviço de algum código de lealdade que coloca a organização acima da moralidade e da verdade", escreve Comey.
Tudo isso, assegura o ex-diretor do FBI, o remeteu ao passado, a sua "carreira como promotor contra a máfia" em Nova York.
A demissão de Comey foi bastante controvertida, pois o ex-diretor da FBI liderava a investigação sobre a suposta ingerência da Rússia nas eleições presidenciais vencidas por Trump e a possível ligação da campanha do magnata e o Kremlin.
Após sua demissão, Comey disse que havia tomado notas de suas conversas com o presidente. / AFP e EFE
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