WASHINGTON - O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a afirmar nesta quinta-feira, 18, que seu plano de construir um muro na fronteira com o México "nunca mudou” e garantiu que um acordo sobre imigração com os democratas depende da aprovação do financiamento da obra. As declarações dificultaram ainda mais um acordo no Congresso para aprovação do orçamento e o impasse pode paralisar o governo a partir de hoje.
A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira à noite um projeto de orçamento temporário – de quatro semanas – e o enviou ao Senado. No entanto, os democratas no Senado garantem que têm votos suficiente para bloqueá-lo.
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A mensagem, publicada em sua conta no Twitter, foi uma resposta direta a reportagem publicada na véspera pelo jornal The Washington Post na qual o diário relatou, citando fontes, que o chefe de gabinete de Trump, John Kelly, disse em reunião com congressistas que algumas das políticas mais duras defendidas pelo presidente, incluindo o muro fronteiriço, "foram mal informadas".
"Nunca foi nossa intenção construir (o muro) em áreas onde já existe proteções naturais como montanhas, longas faixas de terra inacessíveis, rios ou água", escreveu o presidente americano na rede social.
Em um segundo tuíte ele continuou sua argumentação: "O muro será pago, direta ou indiretamente, ou por reembolso de longo prazo, pelo México, que tem um ridículo superávit comercial de US $ 71 bilhões com os EUA".
Para Trump, os US$ 20 bilhões necessários para erguer a barreira são "insignificantes" quando comparados com o lucro que o México obtém em sua relação comercial com os EUA. "O Nafta é uma piada de mau gosto", concluiu o presidente americano, rebatendo os principais pontos da reportagem do Post.
Imigrantes
Trump também atrelou um acordo migratório com a construção do muro. “Precisamos do muro para impedir a entrada de drogas vindas do México, agora considerado o país mais perigoso do mundo. Se não houver muro, não haverá acordo”, tuitou o presidente.
Sexta-feira, dia 19, é o último dia para que republicanos e democratas cheguem a um acordo para a aprovação do orçamento dos EUA e garantam o funcionamento do governo americano. Com apenas 51 dos 100 votos no Senado, os republicanos precisam do apoio de pelo menos 9 democratas para aprovar as medidas orçamentárias. Nos bastidores, alguns congressistas defendem o adiamento do prazo para que as negociações prossigam.
Os democratas condicionam qualquer proposta orçamentária à aprovação de lei que permite a permanência dos jovens inscritos no Daca, programa de proteção a imigrantes que chegaram aos EUA quando eram crianças ou adolescentes. Hoje, são cerca de 800 mil imigrantes ilegais, conhecidos como “dreamers” (sonhadores).
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Depois da publicação da reportagem do Post, Kelly foi entrevistado pela emissora Fox News e confirmou os comentários aos congressistas, mas tentou minimizar as diferenças com o presidente ao descrevê-lo como um "negociador disposto".
"Ele evoluiu na forma como vê as coisas", disse Kelly. "Da campanha para o governo são duas coisas muito diferentes e este presidente tem sido muito flexível em termos do que está no reino do possível."