Trump enche Madison Square Garden e promete consertar os Estados Unidos após governo democrata

Em último comício eleitoral, cheio de insultos racistas e xenófobos, ex-presidente afirma que últimos quatro anos foram de ‘incompetência grosseira’

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NOVA YORK - Donald Trump teve seu momento no Madison Square Garden. Com pouco mais de uma semana para o dia da eleição, no próximo dia 5, o ex-presidente subiu ao palco em um dos locais mais conhecidos dos Estados Unidos, organizando um comício em sua cidade natal, para entregar a mensagem final de sua campanha contra a vice-presidente democrata Kamala Harris.

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Faltando nove dias para a eleição, o republicano começou perguntando as mesmas questões que ele apresenta no início de cada comício: “Vocês estão melhor agora do que estavam há quatro anos?” A multidão respondeu com um retumbante “Não!”

“Esta eleição é uma escolha entre se teremos mais quatro anos de incompetência grosseira e falhas, ou se começaremos os melhores anos na história do nosso país”, disse ele, após ser apresentado por sua esposa, Melania Trump, cuja rara aparição surpresa acontece depois que ela esteve em grande parte ausente na campanha eleitoral.

Trump falou por cerca de 1h20, onde repetiu sua retórica violenta sobre imigrantes e oponentes políticos. Ele retratou os democratas como um partido controlado por um “grupo amorfo” de pessoas poderosas. “Eles são inteligentes e são cruéis, e nós temos que derrotá-los”, disse Trump, novamente descrevendo-os como “o inimigo interno”.

Trump e a ex-primeira-dama Melania chegam ao Madison Square Garden para o fechamento da campanha do republicano Foto: MICHAEL M. SANTIAGO

Aliado chama Porto Rico de ‘ilha de lixo’

A abertura do comício foi uma mistura do que é o trumpismo, com uma pintura da bandeira americana com Trump à frente enquanto “God Bless America” tocava nos alto-falantes. O comediante Tony Hinchcliffe abriu o evento com piadas invocando estereótipos racistas contra latinos, judeus e pessoas negras.

“Não sei se vocês sabem disso, mas literalmente há uma ilha flutuante de lixo no meio do oceano agora. Eu acho que é chamada de Porto Rico”, disse Hinchcliffe.

A adversária de Trump, Kamala Harris, tenta conquistar comunidades porto-riquenhas na Pensilvânia e em outros estados indecisos. Neste domingo, o rapper Bad Bunny e o cantor Ricky Martin, ambos de Porto Rico, anunciaram apoio a Kamala.

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Enquanto alguns democratas e comentaristas questionaram a decisão de Trump de realizar o que eles consideram um evento de simples vaidade em sua cidade natal (o estado de Nova York não elege um republicano há 40 anos), as imagens do estádio cheio garantem o que ele mais desejava: holofotes, cobertura total e uma audiência nacional.

A mensagem final que ele entregou é que Harris destruiu o país e que ele vai consertar. Participantes do comício, horas antes, acenaram com cartazes com as palavras “Trump vai consertar”.

Opositores chamam Trump de fascista, apoiadores debocham

Vários oradores criticaram Hillary Clinton, a democrata derrotada por Trump oito anos atrás, por dizer que Trump estaria “reencenando” um evento pró-nazista no Garden em fevereiro de 1939. Um crítico, o apresentador de rádio Sid Rosenberg, usou um palavrão para denunciar a ex-secretária de Estado.

“Ei, pessoal, eles estão agora correndo e tentando nos chamar de nazistas e fascistas”, disse Alina Habba, uma das advogadas de Trump. “E vocês sabem o que eles estão alegando, pessoal? É muito assustador. Eles estão alegando que vamos atrás deles e tentar colocá-los na prisão”.

Trump afirma que as quatro acusações criminais feitas contra ele como perseguição política. Ele intensificou suas falas nas últimas semanas contra “inimigos internos”, nomeando políticos rivais e sugeriu que usaria o exército para ir atrás deles. Kamala, por sua vez, chamou Trump de “fascista”.

O Madison Square Garden estava cheio horas antes de Trump discursar. Fora da arena, as calçadas estavam cheias de apoiadores de Trump em chapéus vermelhos com a inscrição “Make America Great Again”. Havia uma forte presença de segurança.

Na multidão estava Philip D’Agostino, um apoiador de longa data de Trump do Queens, o bairro onde Trump cresceu. O homem de 64 anos disse que era apropriado para Trump discursar em um lugar que se autodenomina “a arena mais famosa do mundo”.

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“Isso apenas mostra que ele tem uma maior quantidade de seguidores do que qualquer um”, disse D’Agostino.

Candidatos optaram por estados decididos para impulsionar campanha nacional

O comício é um de uma série de desvios que Trump fez dos estados indecisos, incluindo um comício recente em Coachella, Califórnia — mais conhecida pelo famoso festival de música com o nome da cidade — e um em maio na Jersey Shore. Neste verão, ele fez campanha no South Bronx.

Para alcançá-los, Trump passou horas aparecendo em podcasts populares. E sua campanha trabalhou para criar momentos virais como sua visita na semana passada a um restaurante do McDonald’s, onde ele fez batatas fritas e serviu apoiadores pelo drive-thru. O vídeo da parada postado por sua campanha foi visto mais de 40 milhões de vezes apenas no TikTok.

Kamala também viajou para estados não indecisos para grandes eventos destinados a impulsionar uma mensagem nacional. Ela apareceu em Houston na sexta-feira, 25, com a superestrela da música Beyoncé para falar sobre direitos reprodutivos e fará sua mensagem final de campanha na terça-feira, no Ellipse, em Washington, de onde Trump inflamou seguidores para a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Ato de campanha de Trump num restaurante do McDonald's teve 40 milhões de visualizações no TikTok Foto: Evan Vucci/AP

Trump frequentemente se compara aos maiores artistas do país. O ex-astro de reality shows há muito fala sobre querer realizar um comício no local em entrevistas e conversas privadas.

Além dos holofotes nacionais e do apelo de aparecer em um dos palcos mais famosos do mundo, os republicanos do estado dizem que o comício também ajudará candidatos mais abaixo na cédula eleitoral. Nova York é lar de algumas disputas legislativas que podem determinar qual partido controlará a Câmara no próximo ano.

Nova York não vota em um republicano para presidente há 40 anos. Mas isso não impediu Trump de continuar insistindo que acredita que pode vencer.

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Ele rotineiramente usa sua cidade natal como um espantalho diante de plateias em outros estados, pintando uma visão sombria da cidade que pouco se assemelha à realidade. Ele a descreveu como infestada de crime e dominada por gangues violentas de imigrantes.

Ele tem uma relação complicada com o lugar onde construiu seu império empresarial e que o tornou uma estrela de reality shows. Ele foi indiciado no ano passado em 34 acusações criminais de falsificação de registros de negócios e foi considerado culpado nesse caso, e também responsabilizado em tribunal civil por fraude empresarial e abuso sexual./AP e NYT

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